ZERO HORA - 30/05
O frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos como os da infraestrutura.
Sob qualquer ângulo que seja examinada, a expansão de apenas 0,6% no Produto Interno Bruto (PIB) de janeiro a março deste ano, em relação ao último trimestre de 2012, só pode ser vista como decepcionante. É que, mesmo com a expansão excepcional da agropecuária, de 9,7% no período, o desempenho da largada do ano, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ficou longe do percentual próximo a até 1% aguardado nos meios oficiais. E torna ainda mais difícil a perspectiva de o conjunto de bens e serviços produzidos no país registrar uma expansão de até 2,9%, bem abaixo da estimada inicialmente, de 3,5%. Com exceção do desempenho do setor primário, único com potencial de virar o jogo até dezembro, e de uma retomada consistente dos investimentos, que precisa ser reforçada para ajudar a dissipar o pessimismo, os demais números são decepcionantes e exigem providências por parte do poder público.
Só agora, como admitiu ontem o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a equipe econômica começa a se dar conta de que não bastam apenas medidas pontuais para estimular o crescimento. Mais preocupado em manter a inflação em níveis próximos à meta fixada para o ano, de 6,5%, o governo prefere apostar nesse momento numa retomada efetiva dos investimentos como o principal combustível da economia neste ano. Os investimentos, que, depois de um forte crescimento em 2010, despencaram até atingir taxas negativas, registraram de fato um crescimento importante de janeiro a março, tanto em relação ao primeiro quanto ao último trimestre do ano passado. Precisam, por isso, ser devidamente estimulados para que possam favorecer uma resposta à altura das necessidades do país.
O frustrante desempenho da atividade econômica, mesmo com os excepcionais resultados da safra, serve de alerta para o quanto o país precisa atacar gargalos como os da infraestrutura. O incentivo ao crédito é fundamental e os resultados começam a aparecer. Ainda assim, é preciso assegurar mais produtividade sobretudo para a agropecuária, que enfrenta problemas sérios para escoar a produção. A estimativa é de que 19,23% do PIB equivale ao gasto apenas com custo logístico brasileiro. No agronegócio, o percentual oscila entre 8,5% a 9% do PIB. Em ambos os casos, o custo é insuportável.
Assim como as reformas estruturais, sempre postergadas, ações na área de infraestrutura exigem um período mais longo para dar resultados. Por isso, o país precisa agir logo para evitar que o crescimento econômico continue sendo adiado indefinidamente.
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