FOLHA DE SP - 29/04
BRASÍLIA - O PT parece não aprender com os próprios erros. Contrariado, aposta no confronto como melhor caminho para atingir seus objetivos. Sinceramente, de um partido no poder esperava-se mais profissionalismo. Vejamos.
No ano passado, a cúpula petista fez de tudo para adiar o julgamento do mensalão, disparando inclusive torpedos na direção de ministros do STF. Tática condenada até pelos advogados dos mensaleiros, que só fez acirrar os ânimos contra o partido dentro do Supremo.
Agora, deputados do PT articularam a votação de uma emenda constitucional que tira poderes do STF. Exatamente no instante em que o tribunal está para concluir o julgamento e réus petistas sonham em rever suas penas de prisão.
Nada mais amador. A ideia provocou tamanha reação contrária que a Câmara dos Deputados retirou a proposta da pauta de votação. E o clima no tribunal em relação ao PT, que já não era bom, piorou.
Hoje, diante do prejuízo irreversível, petistas defendem nos bastidores que a presidente Dilma Rousseff indique para o Supremo ministros que tenham certa afinidade com o partido. O sonho é formar no STF um grupo de confiança para evitar derrotas em temas sensíveis.
Nada indica, contudo, que a presidente seguirá tal conselho. Sem falar que nem sempre dá certo. Ao virar ministro do Supremo, Luiz Fux despertou no petismo a ideia de que não iria condenar o ex-chefe da Casa Civil José Dirceu. Condenou.
Enfim, o novo embate entre PT e STF de nada serviu aos mensaleiros. E complicou ainda mais a escolha, pela presidente, do próximo ministro do Supremo --há uma vaga aberta desde o ano passado.
O indicado corre o risco de pagar pelos erros alheios. Sua vida pode ser revirada pelo avesso para ser aprovado no Senado. Tanto que, no tribunal, o comentário corrente é que ninguém gostaria de estar na pele do futuro colega.
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