ZERO HORA - 16/04
Há um recado claro ao herdeiro do chavismo nos resultados da eleição de domingo. As bravatas dos que se autointitulam condutores da revolução bolivariana, de que venceriam facilmente o pleito presidencial na Venezuela, foram abaladas por uma vitória apertada. O senhor Nicolás Maduro tem pela frente uma realidade que não poderá enfrentar apenas com os recursos do populismo que herdou do ex-presidente morto. A informação que sai das urnas é a de que os venezuelanos, apesar do trauma provocado pelo desaparecimento do criador do chavismo, começam a questionar um modelo sustentado por práticas típicas de governantes pouco afeitos à democracia.
A situação econômica do país é um desafio urgente. A Venezuela já não consegue sustentar sua economia com base apenas nas receitas do petróleo, que lastrearam até agora também os programas sociais governistas. Há uma demanda por investimentos em infraestrutura e modernização que o bolivarianismo não conseguiu atender. Ao contrário, desde que chegou ao poder, em 1999, Chávez marcou sua atuação pelo confronto com a livre concorrência, nacionalizando sumariamente grupos estrangeiros e restringindo também as atividades de empresas locais, em nome de uma pretensa prioridade às populações de baixa renda.
O chavismo fracassou na gestão da economia, com baixo crescimento, inflação alta e escassez de alimentos, e se defronta agora com o esgotamento de uma estratégia que dissimulava, na verdade, a perseguição a quem passou a ser identificado como oposição. Foi assim com a imprensa independente, que o governo vem tentando amordaçar. É nesse contexto que a postura do continuador do chavismo não interessa apenas a quem o elegeu ou passa a fiscalizá-lo como oposição. Num mundo cada vez mais interligado, as atitudes de Nicolás Maduro interessam também aos parceiros da Venezuela no Mercosul e a todos os povos que defendem a democracia e as liberdades como base para o êxito das relações internacionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário