O GLOBO - 31/03
Devido à minha idade provecta e avantajada, O Globo me mandou fazer um check up completo (“compreto é 100 real) para avaliar o meu estado físico e mental. Quando estava no posto do SUS tirando sangue, um enfermeiro acertou a minha veia poética e, por isso mesmo, a minha coluna hoje não é para ser lida mas para ser cantada. E cantada com a melodia imortal de “Eduardo e Mônica”, o clássico da banda Religião Urbana celebrizado na voz do inesquecível poeta Renato Tá Russo.
EDUARDO & DILMA
Quem um dia irá dizer que a situação
Vai virar oposição? E quem irá dizer
Que foi em pleno sertão?
Eduardo abriu o verbo e resolveu se candidatar
Seus deputados então se dispuseram
Enquanto Dilma partiu pro ataque
Num palanque da cidade
Que os elegeram
Eduardo e Dilma um dia se estranharam sem querer
E conversaram muito tempo pra tentar se reeleger
Foi um carinha do governo do Eduardo que disse
-Tem uma vaga legal e a gente quer se divertir
Vaga estranha, com gente esquisita
-E a presidenta não é nem bonita
E a Dilma riu do neto do Arraes
O boyzinho de olho azul, que queria impressionar
E o Eduardo, meio tonto, só pensava no Minha Casa
-Essa mulher é macho, eu vou me ferrar
Eduardo e Dilma pegaram o microfone
Depois discursaram e resolveram se enfrentar
O Eduardo sugeriu às sete
Mas a Dilma disse que tinha que viajar
Se encontraram então no PAC da cidade
A Dilma tem mais voto e o Eduardo tem apelo
O Eduardo achou estranho e melhor nem comentar
Mas a Dilma só queria espremê-lo
Eduardo e Dilma eram super parecidos
Ela tem 65% e ele o Serra nem tem 16%
Ela coçava o saco e tinha um vozeirão
E ele, coitado, é descendente de holandês
Ela gostava do Lula e do Brizola
Da Ana Carolina, da Gadu
Da Bethânia e do Rimbaud
E o Eduardo quase amarela
Pensando na galera que votou no seu avô
Ela mandava em todo o Planalto Central
Em autarquia e em repartição
E o Eduardo ainda estava
No esquema escola, hospital, poço e inauguração
E, mesmo ela sendo dirigente
E ele pouco influente
Alguém pagou pra ver
E os dois se descascavam todo dia
E a raiva crescia
Mais que a do FHC
Eduardo e Dilma fizeram transposição, fotografia
Teatro, artesanato e foram se catar
A Dilma explicava pro Eduardo
Como os ministérios podem se multiplicar
Ele parou de tremer, deixou o cabelo cair
E decidiu se lançar
E ela se tocou no fim do mês
Que ele um dia ia lhe largar
E os dois pensaram no assunto
E juraram de pés juntos que vão se ver depois
E todo mundo diz que ele vai jantar ela e vice-versa
Que nem baião de dois
Quase armaram um barraco uma semana atrás
Mais ou menos quando as cheias vieram
Batalharam verba convocaram geral
Os puxa sacos todos que puderam
Eduardo e Dilma querem ficar em Brasília
E o resto é intriga da situação
Só que em 2014 não vão se esbarrar
Porque o netinho do Arraes
Quer ganhar a eleição
Quem um dia irá dizer que a situação
Vai virar oposição? E quem irá dizer
Que foi em pleno sertão?
***
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