O fato de a liderança do chavismo ter feito da Constituição Bolivariana letra morta em duas oportunidades, na agonia e na morte do caudilho, diz bem da natureza do regime. Em primeiro lugar, ela deu o caráter de mera formalidade ao dispositivo que marcava para 10 de janeiro a posse do reeleito em outubro de 2012. Com Chávez já muito grave, internado em Havana, era impossível cumprir a lei, e a posse foi adiada sine die. Mas Chávez continuava "governando", assegurava o vice-presidente e herdeiro ungido, Nicolás Maduro. Morto o presidente, deveria tomar posse na Presidência Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, para convocar eleições em 30 dias, segundo a Carta Magna. Mas quem continuou no comando foi Maduro, que começou a assinar decretos como "presidente delegado". Ainda assim, o que se espera é que Maduro de fato convoque um novo pleito no prazo constitucional. O contrário equivale a um golpe de Estado.
Maduro ganhou os primeiros rounds na disputa com Cabello e outros possíveis interessados no espólio chavista. O ministro da Defesa, almirante Diego Molero, declarou que as Forças Armadas e a população venezuelana têm "a missão", encomendada por Chávez, de atuar pela eleição de Maduro. A mensagem tem por destino a oposição venezuelana, cujo candidato deve ser, mais uma vez, Henrique Capriles. Em outubro, Capriles perdeu para Chávez por apenas 11 pontos percentuais. Mas ela pode ser entendida também como um recado a forças chavistas descontentes com o rumo dos acontecimentos. Maduro tem o apoio dos irmãos Castro, solidificado ao longo das frequentes visitas do vice-presidente ao caudilho internado em Havana. É de se supor que o tenha também das Milícias Bolivarianas, criadas por Chávez à margem das Forças Armadas para responder diretamente a ele, com 125 mil homens armados. Mas não pode se afastar a hipótese de uma luta interna pelo poder; Cabello também tem seus trunfos.
Se Maduro consolidar a liderança, terá pela frente uma tarefa duríssima. Chávez, com sua empatia com a população e domínio total do país, podia pairar acima dos problemas sem sair arranhado. Maduro precisará de enorme habilidade pelo simples fato de não ser Chávez. Haverá menos paciência com ele diante da inflação de 28%, da falta de produtos nos supermercados e armazéns estatais, apagões, descalabro da petrolífera PDVSA, ruína da infraestrutura.
A péssima conjuntura econômica testará a capacidade de Maduro, favorito nas eleições diante da comoção pela morte de Chávez. Não lhe parece restar outro caminho senão radicalizar o chavismo, para compensar a falta do líder maior. Mas foi a própria revolução bolivariana que levou a Venezuela à atual situação de penúria. A transformação de Chávez em mito, com o adiamento do enterro e a decisão de embalsamar o corpo, não resolve os problemas reais.
Maduro ganhou os primeiros rounds na disputa com Cabello e outros possíveis interessados no espólio chavista. O ministro da Defesa, almirante Diego Molero, declarou que as Forças Armadas e a população venezuelana têm "a missão", encomendada por Chávez, de atuar pela eleição de Maduro. A mensagem tem por destino a oposição venezuelana, cujo candidato deve ser, mais uma vez, Henrique Capriles. Em outubro, Capriles perdeu para Chávez por apenas 11 pontos percentuais. Mas ela pode ser entendida também como um recado a forças chavistas descontentes com o rumo dos acontecimentos. Maduro tem o apoio dos irmãos Castro, solidificado ao longo das frequentes visitas do vice-presidente ao caudilho internado em Havana. É de se supor que o tenha também das Milícias Bolivarianas, criadas por Chávez à margem das Forças Armadas para responder diretamente a ele, com 125 mil homens armados. Mas não pode se afastar a hipótese de uma luta interna pelo poder; Cabello também tem seus trunfos.
Se Maduro consolidar a liderança, terá pela frente uma tarefa duríssima. Chávez, com sua empatia com a população e domínio total do país, podia pairar acima dos problemas sem sair arranhado. Maduro precisará de enorme habilidade pelo simples fato de não ser Chávez. Haverá menos paciência com ele diante da inflação de 28%, da falta de produtos nos supermercados e armazéns estatais, apagões, descalabro da petrolífera PDVSA, ruína da infraestrutura.
A péssima conjuntura econômica testará a capacidade de Maduro, favorito nas eleições diante da comoção pela morte de Chávez. Não lhe parece restar outro caminho senão radicalizar o chavismo, para compensar a falta do líder maior. Mas foi a própria revolução bolivariana que levou a Venezuela à atual situação de penúria. A transformação de Chávez em mito, com o adiamento do enterro e a decisão de embalsamar o corpo, não resolve os problemas reais.
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