FOLHA DE SP - 15/02
RIO DE JANEIRO - Morreu na semana passada, aos 71 anos, Walt Sweeney, famoso jogador de futebol americano e, como todos os famosos jogadores de futebol americano, justa e maciçamente desconhecido no resto do planeta. Mas Sweeney morreu atirando. Desde que pendurou as chuteiras, em 1975, e se viu dependente de remédios, começou uma campanha contra os treinadores e médicos de seus clubes, responsabilizando-os por isso.
Segundo Sweeney, ele e seus companheiros eram dopados para jogar: "Davam anfetaminas antes do jogo. Depois, sedativos, para acalmar, e analgésicos, para disfarçar as dores. E, o tempo todo, esteroides, que eles diziam ser vitaminas. Para mim, tomar essas drogas era tão normal quanto treinar. Quem não aceitasse era multado".
Ninguém pode ser culpado pela dependência de ninguém, e Sweeney, se não se desse bem com o que lhe davam, podia ter-se recusado, encerrado a carreira e se convertido à odontologia ou ao ventriloquismo. Talvez por isso, suas acusações, que ele levou aos tribunais, nunca lhe tenham rendido os milhões que pedia como compensação financeira. Não serviram nem para que a NFL (National Football League), uma espécie de CBF dos EUA, passasse a fiscalizar para valer as competições.
Não importa. O caso de Sweeney, que coincide com o do ex-ciclista Lance Armstrong e seu escandaloso histórico de doping, lança sombras retrospectivas sobre os grandes atletas americanos que quebraram recordes, viraram filmes e se tornaram nossos heróis. E por que os americanos, e não os bielorrussos ou os australianos? Porque, com raras exceções, só os americanos eram vendidos mundialmente.
Muhammad Ali, dizem as agências, está muito mal. Eu lamentaria saber que seus nocautes, pelos quais tanto torci, saíram de algum aditivo, e não de suas luvas.
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