Um ponto importante do pronunciamento do presidente Barak Obama no discurso que marcou o início do seu segundo mandato, na terça-feira passada, diz respeito diretamente ao Brasil, embora nem de longe o nome do país tenha sido mencionado.
Trata-se da intenção de apressar negociações que podem resultar na criação de uma área de livre comércio entre os Estados Unidos e a Europa.
Não é uma tarefa simples e terá que contar com a aprovação do Congresso americano e dos 27 integrantes da União Européia.
Mas bastou que Obama mencionasse a intenção para que os europeus imediatamente aplaudissem a ideia - que já vem sendo negociada há alguns anos, mas sempre esbarra numa tecnicalidade ou numa firula protecionista. Acontece que, agora, a situação é outra.
A Europa está em crise, os Estados Unidos estão em busca de um novo modelo de desenvolvimento e, nesse cenário, o acordo deixa de ser uma hipótese para se tornar uma necessidade.
O comissário de Comércio Exterior da Europa, Karel De Gucht, chegou a dizer que tudo deve estar pronto dentro de dois anos. Apenas dois anos.
O que isso tem a ver com o Brasil? Tudo. Se a previsão de De Gucht estiver certa, a criação do novo bloco coincidirá com o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff - e a posição que o país tomar neste momento terá repercussão sobre as próximas décadas.
Nos últimos anos, o esforço da diplomacia comercial brasileira se enveredou por um caminho que só se explica por razões ideológicas.
O país virou as costas para os Estados Unidos e para a Europa e atrelou todo seu relacionamento comercial com o mundo aos interesses do natimorto Mercosul.
E assim, viu seus negócios bilaterais com o mundo desenvolvido subordinados aos interesses de países que não querem ser parceiros, mas parasitas da maior economia do bloco.
Mesmo assim, o Brasil insistiu no discurso de apoio à Argentina, ao Uruguai e à Venezuela (posto que o Paraguai foi afastado para que o país de Hugo Chávez entrasse no bloco).
Agora é a hora de escolher de que lado o país quer ficar. Virar as costas para a união que se formará no hemisfério norte, num movimento que terá repercussão inclusive sobre a poderosa economia chinesa, pode ser o mesmo que rasgar um convite para o baile de gala mais aguardado do século.
A economia brasileira tem dimensão para fazer parte do bloco dos desenvolvidos - e nessa posição conseguir melhorar a economia a ponto de garantir mais empregos para a população e promover a inclusão social sempre mencionada entre os objetivos do governo.
Acompanhar de perto as negociações e pleitear uma posição de acesso privilegiado ao megabloco é fundamental.
E se ligar a ele, muito mais interessante do que continuar fazendo o papel de mantenedor da Argentina e da Venezuela.
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