FOLHA DE SP - 04/02
A indústria produziu menos em 2012 do que em 2011. A recessão foi expressiva na produção de máquinas e equipamentos e de eletrônicos, mas também padeceram as fábricas de matérias-primas, de têxteis e de automóveis e autopeças.
Atribui-se a letargia industrial à reticência do empresariado em investir. Excesso de capacidade ociosa e de estoques, temor da concorrência estrangeira, lucros reduzidos pelos altos custos e desconfiança com a gestão econômica de Dilma Rousseff estão entre os motivos mais apontados para explicar a retranca das empresas.
Os primeiros sinais de 2013 são ainda de algum desânimo do empresário. A persistência da cautela reforça dúvidas sobre o futuro industrial do Brasil. Caso os problemas das fábricas fossem de natureza mais conjuntural, seria razoável esperar mais confiança dos executivos da indústria. Não é esse o caso, mesmo após a batelada de incentivos oferecidos pelo governo.
Foram reduzidos os impostos trabalhistas. A queda da taxa de juros também reduziu os custos.
Estava prevista, e se confirmou, a redução do preço da energia elétrica. O câmbio mais desvalorizado favoreceu a maior parte do setor. Mesmo o tumulto econômico no exterior arrefeceu, embora parceiros importantes do Brasil, como a Europa e a Argentina, ainda enfrentem sérios problemas.
Dado tal contraste, entre custos menores e contexto mais favorável, de um lado, e lerdeza da indústria, de outro, é natural perguntar sobre a eficiência e a competitividade de alguns setores.
Note-se que o setor automobilístico conta com a benesse de impostos de importação altíssimos, entre outras. Ainda assim, perde espaço para importados.
Cabe indagar se, na atual configuração, o setor têxtil terá como sobreviver à competição dos vizinhos da China, para onde se dirige tal indústria, à procura de custos ainda menores.
Torna-se ainda mais inevitável a questão sobre a viabilidade dos setores de eletrônica e de máquinas, caso tais manufaturas não se dediquem intensivamente à pesquisa e ao desenvolvimento, o que raramente é o caso no Brasil.
Sim, cabe perguntar pelo futuro da competitividade brasileira, dado que o governo arrecada demais e investe quase nada em infraestrutura e que a gestão econômica é confusa e atrabiliária. Mas o setor privado precisa também fazer um exame de consciência.
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