FOLHA DE SP - 03/01
Maioria de empresas nacionais sentiu a crise, diz consultoria
Em 2012, 75% das empresas nacionais sofreram, em algum nível, impactos negativos nos seus resultados em razão da conjuntura econômica internacional, de acordo com pesquisa da Delloite.
"Companhias de diversos setores e portes foram afetadas no período. Foi algo quase generalizado", afirma José Paulo Rocha, sócio-líder da área de finanças corporativas da empresa.
Quase metade (46%) das organizações teve queda da lucratividade em 2012, com grande influência do aumento de salários e benefícios a funcionários, o que afetou cerca de 70% das empresas.
A isso se somaram custos com fornecedores e insumos (64%), segundo o estudo.
"A retenção de pessoal é uma medida de curto prazo para enfrentar os impactos negativos", diz o executivo.
"No entanto, a médio e longo prazos pode ser necessário adotar a renegociação de contratos", acrescenta.
Mesmo com a indicação de um final de ano não tão otimista, a maioria dos entrevistados espera melhores resultados para o Brasil em 2013.
Os executivos ouvidos apontam a expectativa de um PIB maior, a ampliação dos gastos do governo e a elevação no investimento estrangeiro, além de um acréscimo da renda da população.
"As empresas terão maior controle de suas despesas. Os custos estão muito altos", conclui Rocha.
"Foi um pibinho, mas temos quase pleno emprego"
Para 2013, Cledorvino Belini, presidente do Grupo Fiat/Chrysler para a América Latina, está otimista, "como sempre, apesar do aumento do IPI", frisa.
"Surgirão reflexos da queda de juros e novos investimentos." O ano de 2012 foi de forte emoções.
"Iniciou-se com grande expectativa, mas logo depois, nosso setor e outros estavam sofrendo muito com a crise e a redução de IPI ajudou a nos manter aquecidos", afirma.
"O PIB foi um pibinho, mas enquanto há países com 26% de desemprego, temos quase pleno emprego no Brasil."
Para Belini, o governo está certo em estimular mais a demanda do que o investimento. "Sem demanda forte, não ia fazer fábrica nova em Pernambuco, nem ampliar a minha planta de Betim de 800 para 950 mil unidades".
No Brasil, há um automóvel para cada seis habitantes. "Há oportunidade. Se compararmos com a Argentina, onde há um para quatro habitantes, faltam 15 milhões de carros no Brasil. Ante à Europa, são 65 milhões."
No Brasil, há 200 mil empresas ligadas ao setor. "Somos o quarto maior mercado do mundo, mas o sétimo maior produtor."
Entre o pior cenário e o do prolongamento da redução do IPI, ambicionado pelo setor, "o aumento gradual do tributo é um cenário de boa convivência", afirma.
A partir deste mês, os preços dos carros sobem "automaticamente". Nos veículos até 1.0, o IPI que era zero, passa a 2% de IPI e os carros acima de 1.0, vão a 9%.
Quanto à Itália, "vai demorar dois, três, quatro anos, mas ela sai da crise. É um país muito criativo".
Também presidente da Anfavea (associação de fabricantes de veículos), Belini prevê que as vendas de automóveis crescerão 4% em 2013 ante 2012."Mas tudo depende do PIB."
Novidade em 2013? "Vou sair de férias por uma semana, dez dias, para ficar em uma praia, em São Paulo."
Frota
A Viação Catarinense, do grupo JCA, antecipou a compra de 30 ônibus, que deveria ocorrer durante 2013. Antes do ano começar, a empresa investiu R$ 15 milhões para renovar parte da frota.
Nos próximos meses, a companhia deverá desembolsar o mesmo montante para adquirir mais veículos e diminuir a idade média de seus ônibus, que hoje é de 4,8 anos.
"A queda dos juros do [financiamento] Finame fez com que comprássemos mais cedo", afirma o diretor-executivo da viação, Marcelo Pierobon.
Antes de completar a renovação da frota, a empresa analisará o modelo dos novos veículos que adquiriu, com mais poltronas do modelo leito. "Queremos mudar nossa configuração."
A Catarinense também pretende, neste ano, reforçar as linhas que percorrem até 150 quilômetros.
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