O antropólogo Roberto Da Matta faz uma indagação precisa no fecho de seu artigo ontem no Estado: É o jornai que forma a quadrilha ou é a quadrilha que faz a notícia do jornal?
Desde Roberto Jefferson e seu revide que virou processo e resultou em condenações, todas as agruras vividas pelo governo foram produzidas no departamento de negócios internos e em si já desmoralizam o velho truque de culpar o mensageiro pelo desagradável conteúdo da mensagem.
Desnecessário repetir a lista longa e sobejamente conhecida de exemplos. À imprensa como culpada por tudo que de ruim envolve o nome do PT e adjacências, juntou-se agora o Supremo Tribunal Federal a compor o que genericamente é denominado de "elites" movidas pelo ódio.
Ontem Lula se pronunciou mais longamente na posse do novo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC desde os últimos acontecimentos envolvendo o nome dele.
Como sempre, não tocou no essencial, preferindo atacar um sujeito oculto desta vez chamado de "Vagabundo", e anunciar que volta com força total à política em 2013.
Refugiou-se no palanque, sua zona de conforto. O "Vagabundo" supõe-se que seja Marcos Valério, que não é jornalista nem ministro do Supremo, mas facili- tador dos empréstimos fraudulentos ao PT e guia da antiga cúpula do partido pelas veredas da corrupção na administração federal.
A outra personagem "da hora", Ro-semary Noronha, não foi posta na chefia da representação da Presidência da República; por iniciativa de algum chefe de redação ou magistrado mal intencionado,
Foi de Lula a indicação e a responsabilidade sobre a manutenção da moça hoje indiciada por corrupção, tráfico de influência, peculato e formação de quadrilha. Dessa e de outras que fizeram notícia e por isso foram parar nos jornais.
Aos veículos de comunicação se atribui culpa por fazer jus à função de comunicar os acontecimentos. Ao STF imputam-se acusações de arbitrariedade por cumprir seu papel de árbitro maior dalei.
Tudo dentro dos conformes, mas o PT se revolta e agora propõe duas reformas: uma que enquadre a imprensa à concepção propagandística que partido e governo têm do jornalismo- já explicitada na proposta da criação do tal de "controle social da mídia" - e outra que "pegue" o Judiciário tido como "conservador" - sugestão ainda não detalhada por seus autores.
Nenhuma das duas propostas tem chance de prosperar, por contrárias à ordem democrática. Resta, então, uma única e definitiva saída para que se amenizem as críticas: a redução substancial na produção de escândalos.
Se no lugar de reclamar do alheio o PT, Lula, governo e companhia juntassem esforços numa chamada geral em prol da legalidade e da boa conduta, as "elites" não teriam matéria-prima. E ainda cairiam no ridículo se caçassem fantasmas ao meio-dia como fazem o PT, Lula governo e companhia,
Coisa feita. Advogados dos condenados não têm apenas como certo que o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa, decretará a prisão imediata de seus clientes no período de recesso da Corte.
Suspeitam fortemente de que já esteja tudo combinado entre Barbosa e o procurador-geral, Roberto Gurgel, porque ele não apresentou o pedido ao plenário alegando a necessidade de fundamentar melhor a solicitação.
De fábrica. Há algo de errado quando o Palácio do Planalto decide quem será o líder do PMDB na Câmara dos Deputados.
Há algo de mais errado ainda quando o presidente e o líder do partido, Michel Temer e Henrique Eduardo Alves, aceitam de bom grado a ingerência.
Se o governo interfere porque o preferido da bancada não é flor que se cheire, o defeito de origem é do partido.
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