O GLOBO - 15/12
Depois de cinco anos de crise, a Europa redobrou a aposta na união. Quando se pensava que ela iria se desfazer, que alguns países mais fortes tentariam salvar sua própria pele, a Europa decidiu apertar o abraço que os mantém, a todos, no mesmo barco. Esse é o resumo da decisão de criar a união bancária. Eles aceitaram perder soberania para fortalecer a moeda comum.
Em junho, quando veio ao Brasil para a Rio+20, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, falou numa entrevista a mim sobre essa idéia, que ainda era embrionária, de criar uma autoridade supranacional para fiscalizar os bancos. Agora, ela já está aprovada pelos ministros das finanças dos países da zona do euro. Até a Inglaterra, adversária da proposta, e que, como se sabe, não está na mesma união monetária, aceitou, com restrições, o novo órgão. Em março de 2014, terá que estar em funcionamento.
Esse superfiscalizador bancário terá poderes de estabelecer regras de supervisão da saúde dos bancos e criar regras que terão que ser obedecidas por todos os bancos centrais nacionais. A Europa tem tido a capacidade de surpreender nesta longa crise e, mais uma vez, fez isso na negociação que varou a noite de quarta para quinta-feira. Além disso, os ministros de finanças da Europa decidiram enviar a ajuda, que tem sido adiada, para a Grécia, num segundo sinal do compromisso de manutenção da união.
Nos Estados Unidos, também é hora de surpresas. O anúncio do Fed de que os juros permanecerão em torno de zero por mais tempo, e que perseguirá a meta de 6,5% de desemprego, deu novo ânimo a quem acredita que tudo isso será resolvido pela saída monetária.
Desde dezembro de 2008 os juros estão zerados. Se os Estados Unidos, neste momento de dúvida, não injetasse recursos, nem desse um horizonte para essa política, haveria mais instabilidade no mercado. Afinal, essa é a pior crise financeira em 70 anos. 0 problema para nós é que isso pode, de novo, inundar o mundo de dólares e desvalorizar a moeda americana. Por isso, o dólar caiu no mundo inteiro após o anúncio. Aqui no Brasil, nos últimos dias, o Banco Central tem atuado para evitar a sua valorização, mas ele também não quer que haja queda demais da moeda americana.
Ainda não está resolvido o problema fiscal americano e isso é uma sombra que paira sobre a economia mundial. Os contribuintes americanos apoiam fortemente o encontro de uma solução. Uma pesquisa publicada pelo "Wall Street Journal" mostra que a maioria dos americanos quer que o Congresso chegue num acordo para evitar o corte automático de despesas e aumento de impostos. Dois terços apoiam a solução negociada, mesmo que isso signifique corte de benefícios de assistência social e de saúde. E um percentual ainda maior de americanos concordam que haja elevação dos impostos para os mais ricos.
A decisão da Europa de dobrar a aposta na união bancária entre os países da zona do euro, os novos sinais dados pelo Fed e este apoio dos eleitores americanos a uma solução para contornar o abismo fiscal melhoram o quadro neste fim de ano. O que o Fed não aceita abrir mão é da meta de inflação. Ele anunciou que perseguirá o objetivo da queda da taxa de desemprego para 6,5%, desde que a inflação não suba além dos 2,5%.
Tudo isso junto melhora o clima do Natal, se der certo e for confirmado, mas não garante o fim da crise. O ano que vem ainda herdará incertezas no cenário internacional. E é com esse pano de fundo que o Brasil terá que fazer seus planos para sair do baixo crescimento em 2013.
Em junho, quando veio ao Brasil para a Rio+20, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, falou numa entrevista a mim sobre essa idéia, que ainda era embrionária, de criar uma autoridade supranacional para fiscalizar os bancos. Agora, ela já está aprovada pelos ministros das finanças dos países da zona do euro. Até a Inglaterra, adversária da proposta, e que, como se sabe, não está na mesma união monetária, aceitou, com restrições, o novo órgão. Em março de 2014, terá que estar em funcionamento.
Esse superfiscalizador bancário terá poderes de estabelecer regras de supervisão da saúde dos bancos e criar regras que terão que ser obedecidas por todos os bancos centrais nacionais. A Europa tem tido a capacidade de surpreender nesta longa crise e, mais uma vez, fez isso na negociação que varou a noite de quarta para quinta-feira. Além disso, os ministros de finanças da Europa decidiram enviar a ajuda, que tem sido adiada, para a Grécia, num segundo sinal do compromisso de manutenção da união.
Nos Estados Unidos, também é hora de surpresas. O anúncio do Fed de que os juros permanecerão em torno de zero por mais tempo, e que perseguirá a meta de 6,5% de desemprego, deu novo ânimo a quem acredita que tudo isso será resolvido pela saída monetária.
Desde dezembro de 2008 os juros estão zerados. Se os Estados Unidos, neste momento de dúvida, não injetasse recursos, nem desse um horizonte para essa política, haveria mais instabilidade no mercado. Afinal, essa é a pior crise financeira em 70 anos. 0 problema para nós é que isso pode, de novo, inundar o mundo de dólares e desvalorizar a moeda americana. Por isso, o dólar caiu no mundo inteiro após o anúncio. Aqui no Brasil, nos últimos dias, o Banco Central tem atuado para evitar a sua valorização, mas ele também não quer que haja queda demais da moeda americana.
Ainda não está resolvido o problema fiscal americano e isso é uma sombra que paira sobre a economia mundial. Os contribuintes americanos apoiam fortemente o encontro de uma solução. Uma pesquisa publicada pelo "Wall Street Journal" mostra que a maioria dos americanos quer que o Congresso chegue num acordo para evitar o corte automático de despesas e aumento de impostos. Dois terços apoiam a solução negociada, mesmo que isso signifique corte de benefícios de assistência social e de saúde. E um percentual ainda maior de americanos concordam que haja elevação dos impostos para os mais ricos.
A decisão da Europa de dobrar a aposta na união bancária entre os países da zona do euro, os novos sinais dados pelo Fed e este apoio dos eleitores americanos a uma solução para contornar o abismo fiscal melhoram o quadro neste fim de ano. O que o Fed não aceita abrir mão é da meta de inflação. Ele anunciou que perseguirá o objetivo da queda da taxa de desemprego para 6,5%, desde que a inflação não suba além dos 2,5%.
Tudo isso junto melhora o clima do Natal, se der certo e for confirmado, mas não garante o fim da crise. O ano que vem ainda herdará incertezas no cenário internacional. E é com esse pano de fundo que o Brasil terá que fazer seus planos para sair do baixo crescimento em 2013.
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