Uma série de investimentos vai maturar, mas há dúvidas se conseguirão turbinar o PIB no ano que vem
Nem os mais pessimistas em suas estimativas chegaram próximos aos resultados apurados pelo IBGE sobre a trajetória da economia brasileira este ano. E agora os palpites são que os números do quarto trimestre também poderão surpreender, só que desta vez positivamente. De qualquer modo, a discussão que está no ar é se o país caiu mesmo numa rota de baixo crescimento ou se os eventos internacionais previstos poderão turbinar a trajetória do Produto Interno Bruto (PIB). É fato que no ano que vem alguns investimentos, especialmente em infraestrutura, começam a maturar. Dois novos terminais de contêineres estarão prontos em Santos em 2013, quase que duplicando a atual capacidade do porto (resta saber se até lá o canal estará com profundidade adequada para que as maiores embarcações cheguem a todos esses atracadouros). A ferrovia finalmente atenderá aos produtores de soja da região de Rondonópolis (Mato Grosso), a Refinaria Abreu e Lima (em Suape) produzirá óleo diesel, cinco grandes plataformas para as Bacias de Campos e Santos serão entregues, turbinas das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau entrarão em funcionamento, o porto Sudeste (MMX) passará a embarcar minério de ferro em Itaguaí, haverá mais trens de passageiros circulando no Rio e em São Paulo, estádios de futebol ficarão prontos. A dúvida é se esse aumento de capacidade de produção vai ou não se configurar em um crescimento mais vigoroso no PIB em 2013. Por via das dúvidas, as apostas estão sendo revistas, e já vêm girando em torno de uma expansão de 3%.
Saindo do papel
Barra do Furado tende mesmo a se tornar uma nova base de apoio naval para as plataformas de petróleo no litoral do Estado do Rio. Já há seis empresas com projetos para compor o complexo logístico e industrial e uma delas tem conversado com a Petrobras (há poucos dias técnicos da estatal visitaram o local). A base de Macaé está saturada e a frota de embarcações de apoio aumentará de 430 para 720 navios em oito anos. A Baía de Guanabara é também usada, tanto para a Bacia de Campos quanto para a Bacia de Santos. A Baía da Ilha Grande seria uma opção, mas enfrenta restrições ambientais. Barra do Furado tinha um problema que era o assoreamento da entrada do Canal das Flechas. A solução encontrada foi inspirada na Austrália. Um píer está sendo construído (a última estaca será assentada este mês) para instalação de um equipamento que fará uma movimentação da areia capaz de evitar o assoreamento. O enrocamento na entrada do canal será feito com uma tecnologia holandesa que, em vez de pedras, utilizará areia encapsulada em uma membrana especial (o que poupará as pequenas estradas da região do movimento de caminhões muito pesados). As prefeituras de Quissamã e Campos - cada margem da Barra do Furado fica em cada um dos municípios - estão criando uma organização, com as empresas envolvidas no complexo, para definir governança e a parte de cada um ($$$) na futura manutenção do Canal das Flechas.
Não faltam interessados
A conclusão dos operadores de terminais portuários é que o governo não precisa reinventar a roda na atração de mais investimentos ao setor. Para testar o apetite do mercado, o governo poderia pôr em licitação terminais de carga geral (contêineres) em portos públicos, um em cada região do país, com algumas exigências de investimento. O palpite é que apareceria uma fila de interessados.
O Brasil já conta com terminais portuários de carga geral ágeis e bem equipados, auxiliados por sofisticados sistemas de informática. O que antes levava dias agora é feito em horas. Os acessos, marítimos e terrestres, é que continuam sendo um grande gargalo para os portos, fora a burocracia que os envolve, pois trata-se de um setor que todo tipo de autoridade gosta de interferir.
Nas discussões e consultas que antecederam a etapa de formulação das mudanças que o governo pretende anunciar, operadores portuários e empreiteiras (algumas das quais candidatas a futuras operadoras) ficaram em posições bem distintas.
Arroz no contêiner
Pelo terminal de contêineres do porto de Rio Grande passam muitos produtos industrializados, e o principal, até recentemente, era o frango congelado. Mas a segunda carga já é o arroz produzido nessa região do Rio Grande do Sul (e até do Uruguai). Um equipamento especial injeta o arroz dentro do contêiner. Na cidade de desembarque, outra máquina retira o grão por sucção.
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