A 31 dias das eleições, sendo 29 de campanha eleitoral, bate o desespero nos candidatos a prefeito que apresentam desvantagem ou queda nas pesquisas Brasil afora. E, por incrível que pareça, esse estresse tem uma linha comum em várias cidades: São os mais conhecidos do eleitor que têm sofrido as maiores baixas. Em São Paulo, José Serra, do PSDB, não para de cair nas pesquisas de intenção de voto. Em Fortaleza, o senador Inácio Arruda (PCdoB), figurinha repetida em várias eleições para prefeito, não decola. Em Santos, Telma de Souza (PT) e Beto Mansur (PP), os mais tradicionais em cena na corrida eleitoral do município, também estão em desvantagem. No Rio de Janeiro, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), herdeiro político do ex-prefeito César Maia, não empolga o eleitor. No Recife, Humberto Costa (PT) e Mendonça Filho (DEM) perdem terreno a olhos vistos, a cada pesquisa registrada.
Em alguns gabinetes da capital da República e fora dela há quem tenha a clara sensação de que uma das razões para tanto desgaste desses políticos mais conhecidos é o julgamento do mensalão. Independentemente do resultado - e dos estragos para o PT -, a classe política está sentindo-se afetada como um todo. Só a título de detalhe: Não dá para deixar de lembrar a propaganda na TV que mostra um mecânico que, aos poucos, limpa as mãos. Ele começa a sua fala mencionando a impressão de que político é tudo igual, embora explique que não é bem assim.
A propaganda do mecânico traduz bem o que fica na cabeça do eleitor que não é muito ligado em política. Alguns parlamentares e ministros já perceberam que, em relação ao julgamento do mensalão, há um senso comum do tipo, “ih, olha lá político envolvido em confusão”. E, aí, quando entra o horário eleitoral com o desfile de políticos, esse cidadão médio, desinteressado e descrente da política, dá aquela olhada de soslaio para a tela da TV e, ao se deparar com um rosto mais conhecido, reage: “Pô, de novo?! Toda eleição esse sujeito aparece!”. Por isso, caro leitor, não se engane. Pode estar aí, e não na renúncia ao cargo de prefeito em 2006, o maior problema de José Serra em São Paulo e de muitos outros pelo país afora.
Por falar em desgaste…
Em meio à confusão dos palanques e brigas de petistas e aliados nos estados, Dilma trata de se preservar e mantém o foco na economia. Por esses dias, trabalha no modelo de concessão dos portos e aeorportos e no anúncio de redução da tarifa de energia elétrica para a indústria. Ela sabe que a chave da sua campanha reeleitoral, daqui a dois anos, não está nos palanques de 2014 e, sim, no emprego, no produto interno bruto “robusto”, como ela gosta de dizer, e na inflação baixa. Em nome desses projetos, irá à TV anunciar a redução do preço da energia. Se ajudar o PT, hoje tão desgastado nas eleições municipais, ela também não achará ruim. E, de todos os aliados, o que ela mais tem segurado hoje é o PMDB, parceiro dos petistas em Belo Horizonte, uma das poucas cidades onde Dilma deve fazer campanha em breve.
Por falar em PMDB…
O partido de Michel Temer é único que não tem pré-candidato a presidente da República. A ordem no Planalto é seguir à risca o lema “é melhor um PMDB na mão do que um PMDB e um PSB voando”. Nesse sentido, e para não se desgastar com o aliado, Dilma já cogita até mesmo aceitar Renan Calheiros como presidente do Senado. Isso, é claro, se não houver meios de trocar o candidato. Por enquanto, todos os potenciais nomes cogitados não falam do assunto. O ministro da Previdência, Garibaldi Alves Filho (PMDB), é um exemplo. No Senado, ontem, ao descer as escadas rumo ao restaurante, acompanhado de candidatos a prefeito, saiu-se com esta: “Até 7 de outubro, sou um político municipal. Nas horas vagas, só vou cuidar de eleição”. Ele disse que não vai tirar férias, mas, nos fins de semana, ficará no Rio Grande do Norte.
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