FOLHA DE S. PAULO - 15/09
Após um período inicial em que não faltavam incógnitas, a campanha eleitoral de São Paulo passou a uma nova fase, na qual predominam a percepção de que se consolida a dianteira de Celso Russomanno (PRB) e o pragmatismo de José Serra (PSDB) e Fernando Haddad (PT) na disputa ferrenha por uma vaga no segundo turno.
Durante as sabatinas Folha/UOL, o tucano e o petista se esforçaram por ignorar o líder das pesquisas de intenção de voto. Contudo ambos aproveitaram diversas perguntas dos jornalistas e do público para, direta ou indiretamente, atacar um ao outro.
Na quinta-feira, enquanto falava sobre as taxas municipais que ajudou a criar na gestão de Marta Suplicy (2001-2004), Haddad lembrou que seu chefe era João Sayad, amigo de Serra. Em seguida, afirmou que o tucano "não poupa nem o melhor amigo" para se eleger.
Serra, sabatinado ontem, insistiu em que Haddad não conhece os problemas da cidade. E disse que José Dirceu, réu no julgamento do mensalão, é "guru" do candidato petista.
A respeito de Russomanno, ambos evitaram comentários mais alongados, mesmo quando instados pelos jornalistas. Serra afirmou nem saber ao certo o que ele propõe; Haddad esquivou-se dizendo que o plano de governo do PRB era um "esboço".
Que Haddad tenha elegido Serra como seu principal adversário, e vice-versa, é antes fruto do retrato traçado pelas pesquisas eleitorais do que de menosprezo pelo desempenho robusto de Russomanno.
Com 32% das intenções de voto, segundo o Datafolha, ao que tudo indica Russomanno angariou o apoio de parcela preponderante do eleitorado. Ataques diretos ao candidato do PRB parecem, nesta altura do pleito, menos proveitosos para Serra (20%) e Haddad (17%) do que o confronto entre si.
A propaganda eleitoral na TV tem refletido o clima cada vez mais belicoso entre o tucano e o petista.
Enquanto Haddad e Serra deixam Russomanno em paz, a Igreja Católica criticou anteontem a Igreja Universal do Reino de Deus e a campanha do PRB, partido identificado com tal denominação evangélica, após ter sido esdruxulamente vinculada ao chamado "kit gay".
É previsível que os ânimos se acirrem ao longo da disputa. Mas não custa lembrar: mais que destruir a imagem do adversário, os candidatos deveriam construir e mostrar propostas para a cidade.
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