FOLHA DE SP - 18/09
Que disputa é esta em que Maluf pode optar entre os palanques do Lula e do Serra e o malufismo votará com Russomanno? Não há opção
As eleições na capital estão se revelando uma caixinha de surpresas.
A primeira delas é que, até agora, o tão esperado efeito Lula não deu o ar de sua graça. Nas eleições de 2010, a esta altura Dilma já estava garantida no segundo turno, enquanto o novo protégé de Lula continua comendo poeira, já tendo gasto meia sola de sapato.
Outra surpresa é a inversão de papéis entre Serra e Russomanno. Pelo andar da carruagem, não está de todo excluído que seja Serra, e não Russomanno, quem disputará com Haddad a honra de chegar ao segundo turno na lanterna, contra o candidato populo-malufo-evangélico que, tal um Jânio redivivo, come o eleitorado centrista de Serra pelas duas bordas, à direita e à esquerda.
Poupado até ontem pela esperteza dos adversários que o consideravam carta fora do baralho, Russomanno vem nadando de braçada, juntando rejeições ao lulismo a rejeições ao tucanato, somadas ao voto malufista.
O lugar do malufismo nestas eleições -ao mesmo tempo oficialmente no palanque do PT e profundamente enraizado no populismo de direita que inspira Russomanno- é muito revelador: esta é uma eleição sem rumo e sem norte, deixando o eleitor sem opção.
Que disputa política é esta em que Maluf pode optar entre os palanques do Lula e do Serra e o malufismo votará com Russomanno?
Onde estará o eixo dessa competição entre variantes de um governismo envergonhado, difuso e onipresente? Obviamente não com o candidato petista, subproduto do ressentimento de Lula face às sucessivas derrotas que os paulistanos lhe têm infligido, imposto ao PT goela abaixo e com quem o eleitorado petista mais fiel sequer consegue se identificar.
Tampouco serão essas outras caras novas, com pouco ou nenhum lastro conhecido e que disputam entre si a medalha de melhor comportamento junto ao padrinho e à madrinha dos pobres.
Quanto a Serra, deixou-se iludir pela extensão do tempo de TV e pela esperança de que o marketing resolvesse tudo.
Mas quem elege é mesmo o cidadão comum e, em São Paulo, o governismo não compensa. O paulistano não deve sua existência a nenhum governo, já não tem paciência com a corrupção, a impunidade, o desperdício, a incompetência, o eterno improviso, a mudança quase diária de normas e leis, o nível que o compadrio e o filhotismo atingiram em nosso país.
Isso sem falar na intimidação e no desrespeito aos direitos essenciais dos cidadãos, impostos por hordas de desordeiros que afrontam as leis e paralisam o país, mimetizando a luta de classes em autêntico deboche para com os mais necessitados.
O gesto do STF, ao castigar impiedosamente os graúdos, tratando a bandidagem como criminosos que são, está tendo um impacto profundo na população. Talvez não dure, mas enquanto durar o eleitor não vai aceitar, de seus representantes, nada menos do que um gesto à altura.
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