segunda-feira, agosto 13, 2012

Nhô governo - VINICIUS MOTA

FOLHA DE SP - 13/08


SÃO PAULO - A politicagem, o populismo e o corporativismo deram-se os braços para condenar o sistema universitário federal a décadas de irrelevância e desperdício. É nefasta a combinação de uma greve prolongada e sem riscos -pois nem sequer o corte de ponto dos professores parados é efetivado- com a estapafúrdia regra de cotas aprovada no Congresso Nacional.
O espírito do tempo, uma maçaroca ligando o velho paternalismo estatista à agenda pós-moderna das "etnicidades", fará um novo estrago.
Se ao menos os nossos socialistas da universidade fossem como os chineses, buscariam reformar o sistema inspirando-se no que há de melhor no planeta: excelência, disputa global pelos melhores docentes e alunos, salários diferenciados conforme o peso acadêmico do professor, gestão profissional, parcela das aulas ministrada em inglês.
Se as lideranças universitárias federais prezassem a tão propalada autonomia, estariam decerto sublevadas agora -mas contra a estupidez de uma política nacional de cotas que massacra a autonomia acadêmica das instituições. E lutariam para romper os grilhões que atam a gestão de suas universidades à política partidária federal.
Autonomia de fato -e isso também vale para as instituições públicas paulistas- as melhores universidades brasileiras conhecerão quando diminuírem bastante sua dependência do financiamento estatal. Quando se dispuserem, por exemplo, a cobrar mensalidades das famílias que pagam R$ 25 mil por ano para manter os filhos em escolas do ensino básico.
Fundos de bolsas para custear o estudo de alunos carentes; estímulo para que profissionais doem dinheiro à instituição que os formou; incentivo ao financiamento desinteressado do ensino superior por grandes fortunas e empresas. Nada disso está em pauta na terra de nhô governo, provedor universal.

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