O GLOBO - 13/08
É hora de decisão para Dilma Rousseff. Em meio à escalada de greves do funcionalismo público, a presidente afirma que sua prioridade é "assegurar empregos para aquela parte da população que é a mais frágil, que não tem direito à estabilidade, que sofre porque pode estar desempregada".
As pressões dos sindicatos por reajustes salariais astronômicos são descabidas. Os salários dos servidores públicos federais já foram reajustados bem acima da inflação nos últimos anos. Houve mesmo uma expressiva transferência de renda da população contribuinte para o funcionalismo público federal, o que causou uma ampliação sistemática de gastos públicos em consumo corrente - com despesas de pessoal -, em detrimento dos investimentos públicos em infraestrutura.
Com empregos garantidos, salários e aposentadorias mais altos que no setor privado, os servidores públicos simplesmente ignoram a guerra mundial por empregos. Suas greves são ameaças de desestabilização dos orçamentos públicos, de desorganização das cadeias produtivas e de recrudescimento das expectativas inflacionárias.
"Queremos todos os brasileiros empregados", explicou Dilma, enquanto seu governo continua examinando a desoneração das folhas de pagamentos das empresas por meio da redução de encargos sociais e trabalhistas que incidem sobre o custo da mão de obra. Esses encargos são armas de destruição em massa das oportunidades de emprego no Brasil. Sua redução pode criar milhões de empregos formais na economia, custos mais baixos para as empresas e maiores salários para os trabalhadores.
Dilma anuncia também, em busca da reaceleração do crescimento econômico, um programa de concessões nas áreas de infraestrutura para disparar investimentos privados em portos, rodovias, aeroportos e ferrovias. Outra medida sob exame seria redução de impostos para derrubar o preço da energia elétrica. Os impostos praticamente duplicam o custo de nossa energia e tiram competitividade de nosso parque industrial. Transformam uma das mais baratas matrizes energéticas, à base de usinas hidrelétricas, na energia mais cara do mundo. Uma renúncia fiscal pode baixar substancialmente o preço da energia. De olho no crescimento futuro, esta é mais uma razão para a presidente resistir ao cerco de sindicalistas.
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