FOLHA DE SP - 18/08
No auge do julgamento do mensalão, a autobiografia que o ex-deputado federal pelo PT Antonio Carlos Biscaia lança em 3 de setembro será um novo revés para o partido. Biscaia, que presidia a CCJ em 2005, diz ter sofrido pressão de José Dirceu para paralisar o processo de cassação contra ele na comissão. Narra a influência de Roberto Jefferson no início do governo Lula e afirma que Ricardo Berzoini (SP), que presidia o PT, negociou o dossiê dos "aloprados" contra o PSDB em 2006.
O cara O ex-deputado diz no livro que, em fevereiro de 2003, pediu a Dirceu que não nomeasse um aliado de Jefferson para a Delegacia Regional do Trabalho do Rio. "Não. A indicação é do Jefferson", teria respondido o então titular da Casa Civil, que prometeu investigar os nomes levados pelo petebista.
Digital No caso dos aloprados, Biscaia, que presidia a CPI dos Sanguessugas, diz que Berzoini lhe pediu para receber Jorge Lorenzetti, chefe de inteligência da campanha de Lula, que teria dito que a família Vedoin, denunciada por pagar propina na venda de ambulâncias para o governo, estaria vendendo um dossiê contra José Serra.
Outro lado A assessoria de Dirceu diz que ele não se lembra da conversa, mas que acordos políticos são normais em governos de coalizão. Berzoini não foi localizado para comentar o livro.
Não cola Ministros do Supremo Tribunal Federal reagiram à surpresa de Ricardo Lewandowski com a decisão de Joaquim Barbosa de fatiar seu voto no julgamento. Um colega afirma que o revisor "trabalhou pela crise'' e "posou de vítima'' ao insinuar que decisões foram impostas.
Climão Aliado do revisor em questões polêmicas, Marco Aurélio Mello também é alvo de críticas de colegas, que o condenam por ter questionado publicamente o saber jurídico de Cezar Peluso em direito criminal. "Eu já vi gente comentar elogio que recebe, mas não criticar elogio aos outros'', diz um ministro.
Quórum Ante a confusão sobre procedimentos, assessores do STF dizem que ministros que votarem pela absolvição de réus não podem votar sobre a extensão da pena em caso de condenação.
Corpo e alma O ministro Fernando Pimentel (Desenvolvimento) foi liberado por Dilma Rousseff a tirar férias em setembro para se dedicar à candidatura de Patrus Ananias (PT) em Belo Horizonte. Ele já tirou alguns dias em julho para montar a campanha.
Causa própria Petistas afirmam que Dilma pediu que o ministro mergulhe na disputa na capital mineira, que tomou como prioridade, mas para Pimentel o interesse passa pela costura de sua candidatura ao governo de Minas Gerais em 2014.
Round Em rota de colisão com o PT, o governador Eduardo Campos (PE) disputa com o colega petista Jaques Wagner, da Bahia, qual será o aeroporto que centralizará conexões ("hub") no Nordeste na próxima etapa do pacote de concessões.
Café... Ao defender, em entrevista à Folha, primárias para escolha do candidato em 2014, o governador Geraldo Alckmin estimula debate que lhe favorece. O PSDB paulista tem 87 mil filiados com cadastro ativo e recém-atualizado, o maior colégio eleitoral do partido.
... com leite Ainda que a maior aposta seja que Alckmin quer mesmo disputar a reeleição, aliados do governador entendem que sua sinalização de que não descarta a Presidência evidencia a Aécio Neves que sua postulação ao Planalto precisará de amplo respaldo da base paulista para ser referendada.
com FÁBIO ZAMBELI e ANDRÉIA SADI
tiroteio
"Tá explicado por que o Serra errou o nome do Brasil em entrevista e agora diz que o trânsito da cidade não piorou: ele vive nas nuvens."
DO PRESIDENTE DO PT-SP, ANTONIO DONATO, coordenador da campanha de Fernando Haddad, sobre José Serra usar helicóptero durante a campanha.
contraponto
Apita o juiz
Após exaustiva sessão de discussão de preliminares ao voto de Joaquim Barbosa, na quarta-feira, o ministro Marco Aurélio Mello deixava o plenário do SFT quando cruzou com Ricardo Lewandowski. O revisor chamou o colega e disse que queria conversar com ele.
Foram interrompidos por uma jornalista que perguntou se Mello estava ansioso para ir logo embora e assistir ao jogo do Flamengo, seu time do coração.
-Pois é! É hoje, 21h50! -, disse o ministro, apressado.
Surpreso, Lewandowski se desculpou pelo atraso:
-Ah é? Tentei ser o mais breve possível na leitura!
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