O GLOBO - 20/08
Energias eólica e solar poderão dividir os mesmos sítios no futuro. Um casamento perfeito de energia renovável
O Brasil é o país que hoje mais investe, no Ocidente, na chamada energia dos ventos. Esse ritmo (média de 2.000 megawatts por ano, um terço das necessidades da economia) já atraiu onze fabricantes de equipamentos, que precisam se manter atualizados com a rápida evolução tecnológica do setor. As torres das primeiras usinas eólicas não passavam de 50 metros. Já chegaram a cem metros de altura e podem atingir 150 metros, em breve. Quanto mais altas as torres, melhor é o aproveitamento dos ventos. Os aerogeradores também acompanham essa evolução. A Weg, por exemplo, importante indústria de motores elétricos, localizada na Grande Joinville (SC), resolveu entrar nesse mercado com um aerogerador de 1,6 MW, mas antes de lançá-lo teve logo de partir para um equipamento mais potente, de 2,5 megawatts, o primeiro concebido para as caraterísticas dos ventos no Brasil.
O uso do concreto nas torres de sustentação das enormes pás e dos aerogeradores fez surgir "fábricas volantes" nos parques eólicos. Os módulos são montados no próprio local, e quando o parque eólico é concluído a "fábrica" se muda para outra área.
Para conhecer o seu potencial de aproveitamento dos ventos na geração de energia elétrica, o Brasil precisa medi-los durante vários anos seguidos, e as primeiras usinas eólicas brasileiras ainda não completaram duas décadas. Por via das dúvidas, os investidores têm sido bem conservadores e geralmente projetam os seus negócios considerando uma probabilidade máxima de 50% de a intensidade esperada para os ventos na região escolhida se confirmar. Pelo ritmo atual de investimentos, o Brasil supostamente levaria mais 150 anos para aproveitar seu potencial de energia eólica.
A maior parte dos parques eólicos brasileiros fica hoje no litoral do Nordeste, especialmente nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, em áreas pouco habitadas e quase sem uso pela agricultura. O Rio Grande do Sul aparece na terceira posição. Como o Nordeste é uma zona muito ensolarada, a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo, acredita que em futuro próximo será possível combinar usinas movidas pelo vento com outras fotovoltaicas. O aproveitamento da energia solar ainda é muito caro, mas segue uma curva declinante que se assemelha à que ocorreu com a energia eólica no passado recente. O aproveitamento das duas formas de energia em um mesmo sítio serviria para torná-las mais competitivas.
Élbia sempre se dedicou profissionalmente ao setor elétrico, com passagem pelo governo. Ano passado enveredou pelo mundo novo da energia eólica, e estará agora à frente de um grande evento sobre o setor que será realizado no Rio, no fim deste mês.
Muito devagar
Raul Pinho, embaixador do Trata Brasil (organização que se dedica a analisar a situação do saneamento básico no país), atualizou por iniciativa própria a série histórica que a entidade usara por sete anos e chegou a um resultado pouco animador. As cidades que aparecem nas melhores posições são as mesmas de sempre, assim como as piores. As melhores se concentram em São Paulo, e as piores no Norte, sobressaindo-se Porto Velho (Rondônia) e Macapá (Amapá). A esperança que esse quadro mude está na contrapartida exigida por conta da construção das hidrelétricas do Madeira, pois os investidores realizarão obras de saneamento básico em Porto Velho, que ainda despeja seu esgoto no rio. Também na lanterna estão cidades da Baixada Fluminense, contribuindo fortemente para a poluição da Baía de Guanabara. Um novo plano está saindo do papel, renovando a promessa de despoluição.
O saneamento básico é atribuição municipal, mas as companhias estaduais é que prestam o serviço. Em algumas cidades concessionários privados assumiram essa tarefa. A parceria público-privada tem se mostrado na prática um bom modelo, enfrentando, porém, a resistência de companhias estaduais. Quando elas investem, optam por levar água aos domicílios, deixando de lado a coleta e o tratamento de esgoto. Só que todo mundo sabe que 80% da água fornecida viram esgoto depois.
Na ponta do Caju
A Libra reviu seu projeto de ampliação do terminal de contêineres na ponta do Caju, no Porto do Rio, e não vai mais aterrar a área que servirá de retaguarda ao prolongamento do cais, que poderá receber dois grandes navios. Se fizesse o aterro, a Libra teria de esperar um ano e meio pela acomodação do terreno. O grupo resolveu então construir uma laje reforçada, apoiada em estacas. A água do mar circulará por baixo. As obras começam ainda este ano.
O Brasil é o país que hoje mais investe, no Ocidente, na chamada energia dos ventos. Esse ritmo (média de 2.000 megawatts por ano, um terço das necessidades da economia) já atraiu onze fabricantes de equipamentos, que precisam se manter atualizados com a rápida evolução tecnológica do setor. As torres das primeiras usinas eólicas não passavam de 50 metros. Já chegaram a cem metros de altura e podem atingir 150 metros, em breve. Quanto mais altas as torres, melhor é o aproveitamento dos ventos. Os aerogeradores também acompanham essa evolução. A Weg, por exemplo, importante indústria de motores elétricos, localizada na Grande Joinville (SC), resolveu entrar nesse mercado com um aerogerador de 1,6 MW, mas antes de lançá-lo teve logo de partir para um equipamento mais potente, de 2,5 megawatts, o primeiro concebido para as caraterísticas dos ventos no Brasil.
O uso do concreto nas torres de sustentação das enormes pás e dos aerogeradores fez surgir "fábricas volantes" nos parques eólicos. Os módulos são montados no próprio local, e quando o parque eólico é concluído a "fábrica" se muda para outra área.
Para conhecer o seu potencial de aproveitamento dos ventos na geração de energia elétrica, o Brasil precisa medi-los durante vários anos seguidos, e as primeiras usinas eólicas brasileiras ainda não completaram duas décadas. Por via das dúvidas, os investidores têm sido bem conservadores e geralmente projetam os seus negócios considerando uma probabilidade máxima de 50% de a intensidade esperada para os ventos na região escolhida se confirmar. Pelo ritmo atual de investimentos, o Brasil supostamente levaria mais 150 anos para aproveitar seu potencial de energia eólica.
A maior parte dos parques eólicos brasileiros fica hoje no litoral do Nordeste, especialmente nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, em áreas pouco habitadas e quase sem uso pela agricultura. O Rio Grande do Sul aparece na terceira posição. Como o Nordeste é uma zona muito ensolarada, a presidente-executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica, Elbia Melo, acredita que em futuro próximo será possível combinar usinas movidas pelo vento com outras fotovoltaicas. O aproveitamento da energia solar ainda é muito caro, mas segue uma curva declinante que se assemelha à que ocorreu com a energia eólica no passado recente. O aproveitamento das duas formas de energia em um mesmo sítio serviria para torná-las mais competitivas.
Élbia sempre se dedicou profissionalmente ao setor elétrico, com passagem pelo governo. Ano passado enveredou pelo mundo novo da energia eólica, e estará agora à frente de um grande evento sobre o setor que será realizado no Rio, no fim deste mês.
Muito devagar
Raul Pinho, embaixador do Trata Brasil (organização que se dedica a analisar a situação do saneamento básico no país), atualizou por iniciativa própria a série histórica que a entidade usara por sete anos e chegou a um resultado pouco animador. As cidades que aparecem nas melhores posições são as mesmas de sempre, assim como as piores. As melhores se concentram em São Paulo, e as piores no Norte, sobressaindo-se Porto Velho (Rondônia) e Macapá (Amapá). A esperança que esse quadro mude está na contrapartida exigida por conta da construção das hidrelétricas do Madeira, pois os investidores realizarão obras de saneamento básico em Porto Velho, que ainda despeja seu esgoto no rio. Também na lanterna estão cidades da Baixada Fluminense, contribuindo fortemente para a poluição da Baía de Guanabara. Um novo plano está saindo do papel, renovando a promessa de despoluição.
O saneamento básico é atribuição municipal, mas as companhias estaduais é que prestam o serviço. Em algumas cidades concessionários privados assumiram essa tarefa. A parceria público-privada tem se mostrado na prática um bom modelo, enfrentando, porém, a resistência de companhias estaduais. Quando elas investem, optam por levar água aos domicílios, deixando de lado a coleta e o tratamento de esgoto. Só que todo mundo sabe que 80% da água fornecida viram esgoto depois.
Na ponta do Caju
A Libra reviu seu projeto de ampliação do terminal de contêineres na ponta do Caju, no Porto do Rio, e não vai mais aterrar a área que servirá de retaguarda ao prolongamento do cais, que poderá receber dois grandes navios. Se fizesse o aterro, a Libra teria de esperar um ano e meio pela acomodação do terreno. O grupo resolveu então construir uma laje reforçada, apoiada em estacas. A água do mar circulará por baixo. As obras começam ainda este ano.
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