FOLHA DE SP - 19/08
Marcos Wink, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, descartou como inócua a decisão judicial, que impõe à entidade multa diária de R$ 200 mil caso não interrompa o procedimento de revistar, um a um, cada passageiro de voos internacionais.
Aos repórteres, Wink explicitou como pretende se esquivar da determinação judicial. Sempre se pode argumentar, explicou o agente, que os policiais estão apenas desempenhando a sua função. Para burlar o STJ, o líder sindical disse que basta parar de chamar o abuso de operação-padrão.
Só na última quinta-feira, o procedimento provocou atrasos em quase 20% dos voos que saíam do aeroporto internacional de Guarulhos (SP). Formou-se uma fila de embarque estimada em 4.000 pessoas. Policiais rodoviários federais também fizeram fiscalização redobrada nas estradas, só para prejudicar o trânsito.
Os policiais federais rejeitam a oferta do governo Dilma Rousseff de aumento de 15% nos próximos três anos. Com a mesma desfaçatez com que ignorou a ordem judicial, Marcos Wink declarou que, se fosse esse o valor do reajuste, os agentes o doariam para caridade.
O acinte arquitetado por parcela significativa de policiais federais, que já se voltava contra os cidadãos que lhes pagam salários, não cede nem diante da própria Justiça. É preciso dar um basta a tamanho abuso de poder --desse ponto de vista, aliás, sua atitude pouco se distingue da do policial militar que liga a sirene para furar o sinal vermelho mesmo quando não há suspeito a ser perseguido.
Essa "afronta à Constituição", como a definiu o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tem de ser repelida. Os agentes devem cumprir imediatamente a ordem do Superior Tribunal de Justiça.
Os que insistirem em desrespeitar a lei devem ser identificados e punidos. Não se pode tolerar que um punhado de servidores continue a tomar aeroportos para si.
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