FOLHA DE SP - 19/06
BRASÍLIA - Acabo de voltar de uma semana a Curaçao e leio, ouço, vejo as fotos de Maluf e Lula, com Fernando Haddad no meio, e me sinto como o personagem Sebá, o último exilado político, que ouvia pelo telefone as piores notícias sobre o Brasil e tascava para a mulher: "Tu não queres que eu volte!".
O petista Haddad abraçado ao PSB, que, de socialista, cada dia tem menos, e, do outro lado, ao PP de Maluf, que foi o inimigo nº 1 da sociedade e tem uma folha corrida internacional. O tucano José Serra de braços dados com o PV, de discurso bonito e de prática nem tanto, e, do outro lado, com o PR de Alfredo Nascimento, que saiu escorraçado dos Transportes na tal "faxina ética".
Onde o PSDB e o PT foram parar? Será que 1min35 a mais na TV e no rádio justifica que se engalfinhem por Maluf? Será que vale um cargo federal seja lá em que ministério for? Será que vale as décadas de lutas dos petistas e a história da cúpula tucana?
Lula passou por cima de Marta Suplicy e do PT para impor Haddad, tentou a jogada com Gilberto Kassab e levou uma rasteira fenomenal, entregou a cabeça de petistas pelo Brasil afora para atrair o PSB e, agora, vende a alma ao diabo por Maluf.
Bem, depois de anistiar Fernando Collor e convencer os antigos caras-pintadas de que as rixas eram só oportunismo político, Lula usa seu peso, sua história, seu carisma e o seu partido para reduzir tudo o que Maluf representa a algo banal, sem importância. O importante, ensina Lula do alto de seus 80% de popularidade, é vencer.
Coitado de Haddad, o novo que já entra velho. Sorte de Marta, que escapou dessa. E juízo de Erundina, para quem, segundo a "Veja", "não é preciso ser vice para fazer política".
Mas a melhor frase é a do próprio Maluf, que exigiu que Lula e Haddad fossem à casa dele e disse que selava a aliança "por amor a São Paulo". O único ganhador de toda essa história é ele. Quem ri por último ri melhor.
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