FOLHA DE SP - 22/06
FUI VISITAR as outras Rio+20, no Forte de Copacabana e no aterro do Flamengo. A do forte é bastante organizada e com pessoal bem treinado para lidar com multidões. A do aterro tem cara de feira de hippie velho.
No forte há dois ambientes. Um anfiteatro para mesas redondas com grandes empresas e gurus verdes. Vi um interessante debate no qual o representante da Ambev Milton Seligman falou muito bem sobre como a sustentabilidade só funcionará quando entendermos que ela tem de operar num mercado de bens e recursos naturais e tecnológicos sustentáveis e competitivos.
O outro ambiente é a exposição sobre a humanidade. Não escapa do marketing emocional barato. Numa sala específica, frases de intelectuais afirmam absurdos sobre um mundo baseado em solidariedade e amor pela humanidade e de como gastamos dinheiro em armas, conforto e jogos eletrônicos (!!) desnecessários.
Cifras eletrônicas apontam quantas crianças nascem e morrem enquanto olhamos os números, assim como também quantas árvores são derrubadas (Desertificação).
O ridículo de tal abordagem está no fato de que ao questionar o gasto em armas não se percebe que diante da multidão que ali se encontra, apenas o forte esquema de segurança e de ordem imposto pela equipe é que impede que a multidão de seres pretensamente solidários furem a fila e atropelem uns aos outros.
Basta observar o dia a dia institucional desses intelectuais que pregam a solidariedade para ver que são a prova irrefutável de que Thomas Hobbes, filósofo inglês do século 17, tinha razão quando dizia que o homem é o lobo do homem. Um dos ambientes de trabalho mais violento e desonesto é aquele ocupado por esses intelectuais "do bem".
No aterro do Flamengo há uma espécie de "cúpula dos povos" que dá vontade de cortar os pulsos. Trata-se de uma mistura de feira de periferia, cheia de cacarecos a venda, com cheiro de assembleia de estudantes que não gostam de assistir aula.
Ela reúne hare krishnas chatos, gente do MST querendo invadir a terra alheia, bandeiras do PT e PC do B e índios desbotados. Claro, não faltava aqueles caras pintados de branco dizendo "save the planet" com sotaque ridículo.
Aliás, a coisa toda é ridícula porque todo mundo sabe que esse "amor entre os povos" acaba no primeiro momento que alguém tiver que pagar a TV a cabo. Essa moçada de "um outro mundo é possível" só fica por perto enquanto mamam o dinheiro de alguém, quando eles têm que meter a mão no bolso, normalmente todos voltam para seus buracos de origem.
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