O GLOBO - 18/06
A pressão sobre Merkel continuará e vai se intensificar. Hoje (ontem), isto será visto na cúpula do G-20 em Los Cabos, onde serão lidos os resultados eleitorais do segundo turno para a Assembleia Legislativa na França e da repetição das gerais na Grécia. São bons para o euro e para a estabilidade europeia, mas não o são exatamente para a imperturbável imobilidade da chanceler.
Embora ambos os resultados pressionem Merkel, existem algumas leituras em direções opostas. Os franceses têm rejeitado os extremos e dado a seus dois grandes partidos de centro o grosso da Assembleia Nacional. Os gregos mantêm altos índices de austeridade fiscal para que se façam políticas de crescimento. Na Grécia, o voto apoia o resgate e o rigor do pacto fiscal. Mas a oposição francesa é pró-europeia e favorável ao rigor, enquanto a grega exige a renegociação total do resgate e de suas políticas de rigor.
Este domingo não foi o do armagedom europeu. Um resultado incerto na Grécia, sem uma maioria clara, conduzia a uma leitura contra o euro e pelo fim da União Europeia. Também a França poderia contribuir com a desordem política, como seria o caso se das eleições legislativas saísse uma maioria da direita derrotada nas votações presidenciais e um governo de coabitação. Por fim, os gregos querem seguir na Europa, e os franceses preferem pôr todos os ovos no cesto socialista, marcando uma mudança de direção que pode se estender a outros países. É possível que dirigentes conservadores alemães tenham se frustrado: nem Hollande sai enfraquecido, nem a Grécia é expulsa da Europa.
Nada foi pelos ares nesta jornada dramática, acompanhada por toda a Europa. Por enquanto, não haverá corrida aos bancos, como se temia nesta segunda-feira pós-eleição. Da mesma forma, ninguém sairá da zona do euro no momento, e esperamos que nunca se ponha em circulação de novo alguma das velhas moedas desaparecidas, como a dracma.
O momento oferece também lições: deve-se atentar ao crescimento dos extremistas gregos, algo que as pesquisas começam a detectar também na Espanha. O caso da França nos diz que a social-democracia está viva, e tem novas oportunidades. Na Grécia, vemos o que acontece com o extremo rigor, a falta de educação política, a corrupção, os erros dos dirigentes e o desprestígio dos partidos tradicionais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário