FOLHA DE SP - 31/01/12
As posições dos ministros aparentam equilíbrio que, se verdadeiro, poderia decidir-se pelo voto da recém-nomeada ministra Rosa Weber. Há previsões para todas as hipóteses, desde a abstenção de Rosa Weber à inconclusão do caso amanhã e mesmo alteração de pauta. Nada disso, porém, fará diferença decisiva. Logo ou pouco adiante, o poder do CNJ terá de ser decidido, para a continuação ou a sustação das ações em curso na sua própria corregedoria, além das futuras.
Na antevéspera da sessão do STF, a realidade sobrepôs-se outra vez, por intermédio da Folha, aos argumentos dos defensores das corregedorias estaduais. A revelação de que a corregedoria do CNJ descobriu o sumiço de equipamentos no valor de R$ 6,4 milhões, doados pelo próprio CNJ a 13 tribunais regionais para se agilizarem, presta um serviço de última hora ao argumento de que as corregedorias estaduais são, na maioria, ineficazes.
Uma certeza independente das decisões doutrinárias: a opinião pública quer resposta também em relação aos casos noticiados do Judiciário, prenúncios de outros possíveis ainda desconhecidos. O Tribunal Regional do Trabalho do RJ, por exemplo, não pode limitar-se à afirmação de que quase R$ 300 milhões, em sua quota de movimentações estranhas, "foram de um doleiro" admitido como servidor. E o que é isso, um doleiro como servidor do tribunal? E como foi o movimento, por intermédio do tribunal? Há outros "doleiros"? Afinal de contas, há mais movimentos financeiros estranhos do que o atribuído, digamos, ao "doleiro oficial".
E há outras coisas, nesse tribunal dado como o de maior volume de movimentações financeiras estranhas. A classe dos jornalistas do Rio o sabe por experiência própria. Por sofrê-la no bolso, na família, na mesa, nos filhos. Fechou tal revista, fechou tal jornal, fechou tal TV, fechou tal outro jornal. E as quitações dos seus jornalistas, fotógrafos, técnicos, auxiliares? E o FGTS e o INSS, com dezenas de anos sem pagamento.
Não dezenas, mas centenas de profissionais, postos de repente diante do estreito mercado do jornalismo, ainda hoje entregam-se ao mercado das traduções dia e noite, e a mais alternativas alheias à sua qualificação jornalística. Sem ver as devidas soluções das suas causas de quitação, de FGTS, de INSS.
Isso, porém, é realidade. E o STF pretende que suas decisões são doutrinárias. Às vezes, coincidem. Se não o fizerem desta vez, ganha outra realidade: a dos patrocinadores de movimentações estranhas.
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