segunda-feira, janeiro 23, 2012
Nomes de família - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 23/01/12
RIO DE JANEIRO - Numa notícia de jornal envolvendo alguém chamado Filomeno Filadelfo Filipeto Filho -não existe, acabei de inventar-, esse senhor será chamado pelo nome completo na primeira vez em que for citado. Mas, na continuação do texto, seu nome ameaça ser abreviado para... Filho. Exemplo: "Procurado pela Folha, Filho não quis dar declarações".
Tudo bem, nossa imprensa aproxima-se cada vez mais dos padrões internacionais, que chamam as pessoas pelo sobrenome. Mas isso se aplica a quem tem Filho, Júnior ou Neto no nome?
Nesse caso, membros da família Filho seriam o compositor André Filho, autor da marchinha "Cidade Maravilhosa"; o jornalista e também estádio Mario Filho; o ex-presidente Café Filho; o romancista Adonias Filho, autor de "Corpo Vivo"; o maestro Severino Filho, líder do grupo Os Cariocas; o ator Brandão Filho, que fazia o Primo Pobre no "Balança, Mas Não Cai"; o cineasta Daniel Filho; entre outros.
E a família Júnior? Teria os apresentadores de TV Blota Jr. e Amaury Jr.; o ator Gracindo Jr.; o compositor Jota Júnior (autor do samba "Lata d'água na cabeça/ Lá vai Maria..."); o pianista Tenório Jr.; o ex-craque e hoje comentarista Júnior; e muitos mais. E a família Neto? Teria o ex-ministro Delfim Neto; o compositor Ismael Neto (autor da "Valsa de uma Cidade"); o romancista Coelho Neto, autor de "A Conquista"; o líder angolano Agostinho Neto; o idem, ex-craque e comentarista Neto; etc. etc.
Há algo estranho nesse tratamento, não? Mas o problema é com aquela família em que o sobrenome vem na frente: a família Jota. Dela fazem parte o compositor J. Cascata (autor da valsa "Lábios que Beijei"); o lendário cronista carnavalesco Jota Efegê; o apresentador J. Silvestre; e ponha jotas nisto. E o citado Jota Júnior? Pertence aos jotas ou aos juniores?
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