segunda-feira, janeiro 16, 2012
Gregos e troianos - GEORGE VIDOR
O GLOBO - 16/01/12
Fora algumas vozes reticentes, o Copom se reúne esta semana sem que haja no mercado financeiro clima desfavorável a uma queda nas taxas básicas de juros. Agora em janeiro, a inflação acumulada em 12 meses deve se aproximar de 6% e até abril possivelmente estará na casa de 5,5%, não mais tão distante do centro da meta (4,5%). Com isso, novo patamar de juros pode ser testado pelo Copom.
O tema é controverso, mas a prática tem demonstrado que os modelos teóricos pouco ajudam na fixação das taxas básicas de juros no Brasil, e que, dessa forma, não há alternativa para o Banco Central a não ser prosseguir com uma política de tentativa erro-acerto.
Nesse sentido, o patamar que merece ser testado ao longo do ano é a taxa de juros de 9,75%. Possivelmente atenderia aos interesses de gregos e troianos.
A Associação Brasileira de Empresas de Comércio Exterior (Abece), que reúne as trading companies e desde o ano passado é presidida por Ivan Ramalho (por longo tempo responsável pela área, dentro do governo), mantém-se otimista em relação à trajetória das exportações brasileiras em 2012. A Abece projeta um crescimento de 10% nas vendas, o que elevaria as exportações este ano para o patamar de US$280 bilhões. O ritmo de expansão diminuirá em relação aos 26% de 2011, mas, sem dúvida, se concretizados os 10% previstos, será um excelente resultado em um quadro de retração do comércio global.
A Abece também prevê aumento das importações brasileiras, porém a um ritmo menor que os 25% do ano passado.
A corrente de comércio (exportações mais importações) deverá ultrapassar a casa de US$500 bilhões, em termos anuais, já durante este primeiro semestre.
Os acessos viários entre o Rio e a Baixada Fluminense já estão saturados, e os engarrafamentos ou a lentidão no tráfego acabam elevando os custos de transportes. E ainda provocam enorme perda de tempo. O Arco Metropolitano, cuja obra parece sofrer de algum "encantamento" e anda muito devagar, somente ajudará a descongestionar a região a partir de 2013. Mas há também outros projetos saindo do papel. Uma nova via interna ligando municípios da Baixada surgirá beirando as duas margens do Rio Sarapuí, partindo da rodovia Rio-Petrópolis (BR-040), em Duque de Caxias. As ocupações ribeirinhas estão sendo reassentadas, e junto a essa nova avenida haverá um parque linear, com reflorestamento e áreas de lazer (trata-se de um empreendimento não só da área de transportes, mas também do meio ambiente).
A chamada Via Light, por sua vez, será estendida até o subúrbio de Madureira, e assim surgirá uma outra ligação com a Baixada, sem passar pela Avenida Brasil ou pela Via Dutra (Rio-São Paulo). A ideia é fazer com que a Via Light chegue até a Avenida Brasil e, principalmente, à Linha Vermelha (a fim de evitar que um grande fluxo de automóveis se concentre em determinado trecho da Via Dutra), mas a melhor solução de engenharia não foi ainda encontrada para tal objetivo.
A curtíssimo prazo, a saída será a proibição do tráfego de caminhões em algumas vias de acesso ao Rio em horários de rush, especialmente às sextas-feiras, quando cresce o número de veículos em circulação.
A alternativa ferroviária faz parte desses planos de descongestionamento da região metropolitana. Uma ligação de 18 quilômetros, em bitola dupla (larga e métrica), entre atuais linhas da MRS e da FCA, permitirá, por exemplo, que comboios transportem combustíveis e outros derivados de petróleo produzidos no Comperj (Itaboraí) até Minas ou São Paulo. Em uma segunda etapa, a ferrovia, hoje sem uso, chegará ao Porto do Açu, no Norte Fluminense, também em bitola dupla. A intenção é que o trem de carga possa embarcar e desembarcar mercadorias no cais de todos os portos do Estado, inclusive o do Rio, em futuro relativamente próximo.
Sergio Malta reassumiu o posto de presidente do Sinergia, depois de um bom período como superintendente do Sebrae RJ por indicação da Firjan. O Sinergia é o sindicato patronal que congrega empresas de energia elétrica do Rio de Janeiro para cima. As companhias de São Paulo e dos estados do Sul são filiadas a outro sindicato, com sede em SP. Ambos foram criados nos tempos da Light canadense (Malta foi diretor da empresa e permanece vinculado a ela, que passou a ter como principal acionista a Cemig mineira).
A nova missão de Sergio Malta é motivar o Congresso e outras instituições no Brasil para o processo de integração energética da América do Sul. O tamanho do continente permite o aproveitamento do regime de chuvas em diferentes épocas do ano. Se, em tese, a América do Sul funcionasse como o sistema interligado existente no Brasil, o aumento de eficiência das hidrelétricas nos vários países seria da ordem de 25%, com ganhos ambientais e econômicos enormes.
Alguns avanços ocorreram desde a experiência bem-sucedida da Itaipu Binacional (Brasil e Paraguai), mas o processo poderia se acelerar se os países sul-americanos chegassem a um acordo sobre marcos regulatórios comuns para a transferência de energia de uma nação para outra.
Brasil e Uruguai avançaram nessa área, e em termos energéticos o país vizinho se integrará ao sistema elétrico brasileiro como se fosse um vigésimo oitavo estado. O período máximo de consumo de eletricidade no Uruguai é em junho-julho, enquanto na maior parte do Brasil é em novembro. Os uruguaios precisam de energia quando menos se consome por aqui.
A Escandinávia opera com essas características. Estados Unidos e Canadá também têm uma razoável integração energética, assim como parte da União Europeia.
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