O GLOBO - 20/12/11
Por aí pode parecer que nada teve de surpreendente na afirmação da presidente Dilma Rousseff de que em seu governo existe tolerância zero "com qualquer prática inadequada , de malfeito e de corrupção".
Governantes de nações como Noruega e Finlândia - países sem folha corrida de desonestidade governamental, possivelmente porque nas vizinhanças do Círculo Polar Ártico o frio inibe os esforços físicos indispensáveis à ladroagem - parecem imunes a escândalos nas altas esferas do poder político e administrativo. Não costumam perder tempo alegando "tolerâncias zero" a respeito. Nos trópicos, pelo visto e ouvido, é diferente: sem anúncios da tal tolerância, Dilma se considerava em risco de ter a sua administração comparada com, sei lá, para citar só um exemplo, o governo Collor.
Para quem chegou agora, o hoje respeitado senador Fernando Collor foi o primeiro e único presidente brasileiro a renunciar ao mandato para fugir a uma inevitável cassação por uma quantidade extraordinária de delitos. Hoje, finge que não tem folha corrida.
Depois de Collor, tornou-se mais evidente e importante para chefes do Governo parecerem honestos, tanto quanto serem honestos. Pode parecer redundante, mas pode-se desconfiar que não é.
Em seu último pronunciamento, Dilma afirmou que em seu governo há tolerância zero com bandidagens em geral. É boa notícia, em parte: o pedaço ruim é a necessidade de dizê-lo.
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