RIO DE JANEIRO - Escola particular de Ipanema, reunião para pais de crianças que estarão no pré-1 em 2012. A diretora expõe as novidades, a nova rotina, os horários, a primeira cartilha para a alfabetização, o livro de matemática.
É o fim da vida mansa: começarão as lições de casa e a educação física. Haverá balé para as meninas, futebol para os meninos. E, para todos, aulas de defesa pessoal.
Defesa pessoal? "Sim, um professor de jiu-jítsu", explica a diretora.
Diante do estranhamento deste pai forasteiro e do questionamento que o segue, veio a explicação de que faz parte da grade curricular obrigatória.
É claro que, a esta altura da vida pré-escolar, o obrigatório é facultativo. Mas aí entra o constrangimento de a criança se tornar um ET, a exceção da classe, a única a não agarrar os coleguinhas no tatame...
Melhor não chiar. Assim será, porque assim já é: crianças de três e quatro anos frequentam aulas de jiu-jítsu.
Escolas infantis são chegadas a invencionices -não é de hoje. Algumas já têm câmeras para que os pais vigiem seus pimpolhos de casa ou do escritório. Várias têm aulas de culinária, pintura, teatro ou ioga. Muitas apostam desde muito cedo no ensino de informática e de outros idiomas.
Também não é novidade que o jiu-jítsu é muito forte no Rio e que sua penetração no país todo só faz crescer: compõe o cardápio do MMA, modismo que já seduziu a maior emissora de TV do país.
Mas jiu-jítsu na pré-escola?
A primeira alegação é a de que a ideia não é atacar, mas se defender. Controverso. Talvez fosse o caso de desenvolver a capacidade de resolver conflitos na base do bom papo.
Há também o argumento de toda luta, de buscar o "equilíbrio do corpo e da alma".
Ainda preferiria que a pequena Julia buscasse esse equilíbrio com um bom livro de história. Mesmo que fosse a da lenda do Minotauro.
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