Europa e EUA consomem 3 vezes mais aço que Brasil
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 24/10/11
A média de utilização do metal no Brasil é de cem quilos por ano, por habitante. Entre os países desenvolvidos, por sua vez, esse índice chega a cerca de 300 quilos.
A diferença na quantidade de consumo do produto é uma questão cultural, segundo Gilberto Campos, do Crea-SP (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de São Paulo).
"A construção civil brasileira tem se baseado muito no concreto nas últimas décadas. Um dos maiores legados da Copa do Mundo e da Olimpíada deve ser o uso de novos equipamentos e materiais, como o aço", afirma Campos.
A estimativa de utilização do metal para as obras dos grandes eventos esportivos é de 5,8 milhões de toneladas, sendo 4,5 milhões apenas para os Jogos Olímpicos.
"A construção em aço permite uma velocidade maior, o que é fundamental neste momento", diz Eduardo Gomes, vice-presidente do ICZ.
Para a ABCP (Associação Brasileira de Cimento Portland), porém, a maior utilização de aço não deve prejudicar as vendas de cimento nos próximos anos.
"A produção do metal ainda não é realizada em escala tão grande no Brasil. A construção civil competiria com a indústria automobilística e os custos ficariam mais elevados", afirma Mario Esper, gerente da entidade.
PRODUÇÃO EM CONDOMÍNIO
Com investimento de R$ 250 milhões, a Retha Imóveis, especializada em administração, locação e venda de galpões, desenvolverá o projeto de quatro condomínios industriais no interior de SP e MG, com 227,3 mil m2 de área construída.
Um dos projetos será feito em parceria com o fundo de investimentos americano Prudential. Outros três condomínios deverão ser planejados entre as duas companhias nos próximos cinco anos. Nesses projetos, o aporte será de R$ 200 milhões.
"O mercado no setor está como nunca senti. Os próximos anos serão de pleno crescimento", diz o presidente da empresa, Marino Mário.
A maioria dos galpões dos condomínios é alugada.
"Há dez anos, indústrias não investem em paredes. A tecnologia é mais importante." A Retha Imóveis tem outros dois condomínios logísticos em obras.
"O capital é de investidores considerados mais conservadores, que costumam receber 15% de retorno", de acordo com Mário.
SENTINELA
O interesse dos conselhos de administração dos bancos no combate à lavagem de dinheiro reduziu nos últimos anos. Em 2007, 71% dos conselhos consideravam a questão de alta prioridade. Hoje são 62%, segundo a KPMG.
A queda, de acordo com o estudo, é resultado do momento financeiro, já que estratégias para sair da crise passaram a ser o foco dos bancos.
Nas Américas Central e do Sul, porém, 96% dos bancos dizem que a luta contra a lavagem é prioridade. O alto número pode ser consequência da preocupação com lavagem de dinheiro ligada ao tráfico e à corrupção política.
Apesar da redução do interesse dos conselhos dos bancos pelo assunto, os gastos no combate ao crime aumentaram 45% desde 2007.
MOTOR VERDE
A Scania vai lançar no Brasil o caminhão a etanol. A empresa, que já vende ônibus movidos pelo combustível, passa a fabricar no país veículos para o segmento de distribuição.
O modelo reduz 90% das emissões de carbono, segundo Christopher Podgorski, vice-presidente da empresa na América Latina.
"Nosso cliente, o transportador, começa a receber demanda de seus clientes, do setor farmacêutico, supermercadista e outros, por soluções ambientalmente responsáveis. É uma demanda crescente", diz.
A empresa vai fazer também um lançamento mundial de outros motores que atendem às novas regulamentações de emissão de poluentes no país.
"O Brasil ganhou importância nas operações da empresa. Cerca de 25% dos resultados estão atrelados à America Latina hoje."
A COMPRA DO ESTRANGEIRO
Walter Gonçalves Jr. e William Eid Jr., da FGV, lançam amanhã o livro "A Atividade do Capital Estrangeiro na BM&FBovespa".
Na obra, tese de doutoramento de Gonçalves Jr. sob a orientação de Eid Jr., os autores concluem que o investidor estrangeiro entra e sai do mercado local apenas para desfazer posições, e não para ampliá-las.
"Isso mostra que o nível de sofisticação de suas informações pode ser comparado ao do investidor local", afirma Eid Jr. "Indica que não é uma estratégia lucrativa adquirir ações quando os estrangeiros estão comprando."
Quanto à volatilidade, contrariando o senso comum, apesar de as compras dos estrangeiros tenderem a reduzir a volatilidade e suas vendas a aumentá-la, nos períodos de crise esse efeito não foi determinante para a instabilidade dos mercados.
Os autores observaram também que um cenário positivo no mercado externo induz investimentos no Brasil.
"Uma confiança em uma demanda externa firme de longo prazo se traduz em aumento da presença estrangeira na Bolsa brasileira, assim como a desvalorização do real gera compra de ações e a sua valorização provoca venda."
Para o professor, "a elevação do Brasil ao grau de investimento pelas agências de rating não aumentou o volume de capital estrangeiro na Bolsa como era esperado."
Risco... O risco político é a principal preocupação para 43% das multinacionais brasileiras que buscam expansão para o exterior por meio de aquisições nos próximos dois anos, segundo pesquisa da corretora de seguros Marsh e da consultoria Mercer.
...político O estudo aponta que 83% das multinacionais brasileiras reconhecem a importância da avaliação de lideranças antes de fechar uma transação. Mais de 50% dos executivos entrevistados afirmam envolver o RH na equação antes de fechar negócio.
com JOANA CUNHA, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ
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