Igual a muitos
RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 17/09/11
RIO DE JANEIRO - Jobson, 23, bom jogador, cujo contrato pertence ao Botafogo, está suspenso do futebol até março de 2012. Foi condenado por uma corte esportiva na Suíça à complementação da pena de seis meses que já lhe havia sido aplicada no Brasil em 2009, acusado de doping por cocaína.
Pena esta que, pelo visto, não lhe disse nada então. A ficha não caiu. Depois de cumpri-la, passou por vários clubes -Botafogo de novo, Atlético Mineiro, Bahia- e foi dispensado de todos, por motivos que eles não revelam, mas parece ter a ver com seu comportamento. Em comum nas dispensas, o tapinha nas costas, a reafirmação de que ele é "bom menino" e que o clube "tentou ajudá-lo" -mas que vá aprontar em outra freguesia.
Há várias formas de ajudar, inclusive a correta, e uma delas seria olhar menos para o jogador e mais para o homem, cujo horizonte não parece muito à vista se ele não se tratar. Não sei se Jobson continua usando os produtos de que foi acusado ou que ele próprio já admitiu, mas sua prepotência está no auge. Esse novo lapso na sua vida profissional seria ideal para que tomasse a única atitude capaz de salvá-lo: submeter-se à internação fechada numa clínica séria para dependentes químicos.
Desobrigado do futebol, Jobson passaria seis meses longe de facilitadores e fornecedores. Em vez disso, ouviria palestras de médicos, terapeutas e, talvez, de algum religioso -nenhuma de cunho moralista e condenatório, mas capazes de instruí-lo sobre sua condição e como lidar com ela. Em contato com os colegas de internação, aprenderia que seu problema é comum a gente de toda condição social, financeira, intelectual, e que ele não tem motivo para se achar diferente ou melhor do que ninguém.
E para aprender que ele pode ser o Jobson, o rei da cocada ou quem quiser, mas sempre haverá uma substância capaz de destruí-lo.
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