Real sofre mais do que outras moedas similares
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SP - 20/09/11
"O real está se depreciando mais do que as outras moedas de países produtores de commodities", observou Octavio de Barros, diretor de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco, ontem, quando o câmbio bateu em R$ 1,80, e fechou em R$ 1,78. "Se dependesse simplesmente da queda no preço das commodities que o Brasil exporta, o real estaria hoje em R$ 1,67", disse.
Para o economista, o real deveria se depreciar tanto quanto as moedas de Austrália, Noruega, Chile, Canada, Nova Zelândia e África do Sul.
"O primeiríssimo candidato a explicar [a desvalorização] é a mudança abrupta na política monetária no último Copom [do BC], gerando forte queda dos juros futuros e a leitura de que seguirão caindo por algumas reuniões."
Além disso, a política econômica lançou mão de instrumentos que estavam "bem fora do radar de quem se habituou com uma convencional administração do tradicional tripé (câmbio flutuante, regime de metas e responsabilidade fiscal)."
"Não só no Brasil, mas em praticamente todo o mundo, a ortodoxia deve ter tirado um período sabático de três anos, pelo menos." Para ele, "a política econômica está de pernas para o ar em todo o mundo gerando reações defensivas por parte dos agentes econômicos que estão líquidos". Analistas e investidores estão sem bússola, acrescentou.
As medidas protecionistas deveriam valorizar o real e uma nova onda de expansão monetária nos Estados Unidos e na Europa também deveria jogar na mesma direção de um real forte.
"Mas o que está falando mais alto é a aversão ao risco", afirmou ele. "Ela é gerada por um cenário europeu ainda imprevisível e incertezas na reação de governos diante de cenários relativamente inéditos", concluiu. "Essa crise é 'café com leite' perto da de 2008."
NOVOS SOTAQUES
A DM9DDB vai expandir suas operações para o Rio de Janeiro e Porto Alegre com a abertura das agências DM9Rio e DM9Sul. Segundo Sergio Valente, presidente da DM9, não se trata de escritórios para atender clientes locais. "É um projeto de expansão de marca. São agências 100% estruturadas, com criação autônoma e que vão trabalhar com a metodologia que fez da DM9 o que ela é hoje", diz Valente.
Agência do Grupo ABC que tem a DDB (grupo Omnicom) como sócia, a DM9 pretende se associar a profissionais locais. "Não vamos comprar agências", diz. "Temos de beber chimarrão e estar totalmente inseridos." A DM9Rio nasce com a conta de Americanas.com, Submarino e Shoptime. A DM9Sul atenderá Vulcabras e marcas como Olympikus, Azaleia, Dijean e Opanka. A DM9 é a oitava maior agência do país e fez 22 anos ontem.
Cresce parcela de cheques devolvidos ante compensados
A parcela de cheques devolvidos em relação aos compensados cresce no Brasil. Entre janeiro e agosto, foram devolvidos 1,94% dos cheques compensados, ante 1,83% em igual período do ano passado, de acordo com a Boa Vista, administradora do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). O percentual de agosto deste ano (1,88%) é superior ao mesmo mês do ano passado (1,62). Na comparação com julho, no entanto, apresenta leve queda (1,99%).
As devoluções de pessoas jurídicas cresceram 8,6% no período acumulado em relação ao ano passado. Para as pessoas físicas houve queda de 7,1%.
"Os efeitos recentes da inadimplência trouxeram reflexo ao comportamento dos intermediários financeiros, com maior rigor nas concessões", afirma Flávio Calife, economista da Boa Vista. "Pode gerar impacto sobre o cenário dos cheques e de outras formas de pagamento", afirma.
FUTURO
O HSBC prevê uma inflação maior para 2011 e 2012 do que a pesquisa Focus, feita pelo Banco Central com analistas do mercado financeiro. Enquanto o banco privado espera que o IPCA feche 2011 em 6,50%, a pesquisa prevê 6,46%. Para o próximo ano, os números são 5,70% (HSBC) e 5,50% (Focus).
Tanto a pesquisa quanto o HSBC apontam que a taxa Selic terminará o ano em 11%. Para 2012, o banco prevê uma queda de um ponto percentual. O BC, de apenas 0,25. O HSBC também está mais otimista em relação ao PIB. Acredita em crescimento de 4% em 2012. A pesquisa Focus aponta 3,7%.
Ferro... A queda de 22,8% no faturamento acumulado até julho das empresas de material para saneamento já reflete no emprego, segundo a Asfamas (entidade do setor). Na comparação entre julho deste ano e o mesmo mês de 2010, o faturamento nominal teve leve alta.
...fundido A baixa demanda de obras públicas obrigou o segmento de canalização de ferro fundido, que tem seu principal mercado no setor de saneamento, a reduzir seu efetivo em 10%, diz Carlos Rosito, vice-presidente da entidade.
Cobrança... O uso de correspondências para enviar cobranças a clientes está em queda. Hoje, as empresas do setor mandam 6 milhões de mensagens por celular por mês, enquanto o número de correspondências é de 1,5 milhão.
...rápida Na mesma época no ano passado, de acordo com o Igeoc, entidade que reúne o segmento no país, eram 4 milhões de correspondências por mês e 3 milhões de mensagens por celular.
CONECTADO
A Vivo manteve a liderança em número de usuários de modem para acesso sem fio à internet em julho passado, de acordo com dados da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).
A companhia tinha 882,1 mil clientes, enquanto a Tim, segunda colocada, apresentava de 877,4 mil usuários. O estudo também inclui terminais para pagamentos eletrônicos via cartão.
Claro e Oi aparecem nas terceira e quarta posições, com 372,7 mil e 106,8 mil clientes, respectivamente. Entre as quatro principais empresas do segmento, a Tim foi a que atraiu mais clientes em julho, 51,1 mil. A Vivo, por sua vez, teve aumento de 35,6 mil clientes.
com JOANA CUNHA, VITOR SION, LUCIANA DYNIEWICZ e MARIANA BARBOSA
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