E os ministérios ficam
GUSTAVO PATU
FOLHA DE SP - 23/08/11
BRASÍLIA - O do Desenvolvimento deveria ter sido o da Produção e serviria para mostrar que FHC não era um neoliberal. Acabou servindo para ouvir choro de empresário.
O da Cultura ouve choro de artista. O do Trabalho, de sindicalista.
O do Planejamento servia para fazer oposição ao da Fazenda e evitar que algum deles tivesse poder em excesso. Hoje, nem aliados os dois têm poder suficiente.
Integração Nacional, Cidades, Turismo e Esporte servem para que haja mais gastos para cortar quando é preciso demonstrar que existe disposição para cortar gastos.
O do Combate à Fome serve para preservar nos documentos oficiais a expressão que encabeçava o programa de governo original de Lula (não é para pagar o Bolsa Família, uma tarefa da Caixa Econômica, nem os demais benefícios assistenciais, a cargo do INSS).
O da Justiça já serviu para fazer a articulação política, mas, da última vez, o presidente foi derrubado pelo Congresso. Agora, serve para não mandar na Polícia Federal.
Minas e Energia, Transportes e Comunicações não serviam para regular as respectivas áreas. Depois, foram criadas as agências reguladoras, as secretarias dos Portos e da Aviação Civil, e ninguém mais entende quem não faz o quê.
O do Meio Ambiente e o do Desenvolvimento Agrário, que já foi o da Política Fundiária, servem para brigar com o da Agricultura, que já foi o da Agricultura e Reforma Agrária e ainda incluía o que hoje é o da Pesca e Aquicultura.
O da Previdência Social serve para brigar com os números que divulga, negar que haja rombo nas contas e impedir reformas. O dos Direitos Humanos, quando pode, incomoda o da Defesa, que então serve para acalmar os militares. O de Assuntos Estratégicos procura um que já não tenha dono.
Na pior das hipóteses, o das Microempresas servirá para tutelar gente que não tem acesso ao BNDES. Na melhor, para nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário