Escolinha do professor Fred
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SP - 16/08/11
Os ministérios dos Transportes, da Agricultura e do Turismo estão dando uma verdadeira aula de corrupção. Tudo é claro, didático, objetivo. E escancarado, despudorado, como mostram as gravações da Polícia Federal.
Numa das fitas, o secretário-executivo do Turismo, Frederico Silva da Costa – chamado de “reverendo” e “bambambã” em outros trechos – ensina ao empresário Fábio de Mello (e a todo o país) como fazer uma “empresa de fachada”. “Pega um prédio moderno, meio andar (...). O importante é a fachada. Tem que ser uma coisa moderna, que inspira confiança em relação ao tamanho das coisas que vocês estão fazendo. Pega um negócio aí pra chamar a atenção, assim, de porte, por três meses. Mas é pra ontem! Que alguém aparecer pra tirar uma foto lá nos próximos dois dias, as chances são altas”.
Em outra conversa gravada, o empresário Humberto Silva Gomes, que voltava dos EUA, revela-se um professor de patriotismo: “É pro governo, joga o valor pra três, tudo vezes três”. Por quê? “Quando é dinheiro público, não pesa no seu bolso, aí você joga pro alto mesmo. Até porque, se você não jogar, você vai perder logo de cara, porque todo mundo vai jogar”.
Em outra escuta, Luiz Gustavo Machado, diretor da ONG Ibrasi, ensina para a colega Maria Helena Necchi: “Se eles não concordarem, vão mandar pra Brasília. Mandou pra Brasília, ficou fácil”. Uma funcionária do Turismo foi ao Amapá só para orientar uma ONG sobre como forjar uma prestação de contas. E Dalmo Queiroz, sócio de ONG investigada, explicou o que fazer em caso de problema: “Você vai lá e compra o CNPJ”.
Tudo é falso: Frederico não é nenhum reverendo, as ONGs envolvidas não têm nada de santas, as empresas são “de fachada”, os CNPJs, comprados, e os preços, multiplicados por três. É o “rouba, mas faz”? Nem isso. O turismo está uma porcaria.
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