Idade no currículo
MARIA CRISTINA FRIAS
FOLHA DE SÃO PAULO - 19/06/11
Mais que uma questão cultural, a ausência desses dados, comuns no Brasil, é uma questão jurídica.
"É passível de processo. As leis contra discriminação são severas no país", diz Marcelo Cuellar, da Michael Page.
"A pessoa pode alegar que foi não foi contratada por ter dito que tinha filho e processa a empresa", diz Ricardo Bevilacqua, da empresa de recrutação Robert Half.
Para evitar o problema, essas informações não são pedidas no currículo ou na inscrição pela internet.
Em algumas empresas, códigos de conduta proíbem também na entrevista perguntar se o candidato é casado e o que faz nas horas vagas. "São detalhes da vida pessoal que não interferem na vida profissional", afirma.
As restrições adotadas na política de recrutamento nos EUA são positivas, segundo Marco Tulio Zanini, professor de gestão da FGV-RJ.
"No Brasil, não existe uma política clara e séria para o combate à discriminação no mercado de trabalho", diz.
Em países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul, as informações nos currículos são parecidas com as usadas no Brasil, segundo Francisco Ramirez, professor do Insper.
O mesmo ocorre nos países da América Latina.
Na Europa, a contratação é mais flexível. Na Alemanha, foto e idade entram nos currículos, mas não são fator de exclusão, segundo Zanini.
A Inglaterra caminha para algo mais próximo dos EUA, diz Bevilacqua.
PRIMEIRO OLHAR
As companhias estão cada vez mais preocupadas com a experiência profissional no processo de recrutamento.
É o que revela pesquisa em 11 países, com mais de 2.500 executivos tomadores de decisão, feita pela empresa de recrutamento Robert Half.
Para 41% dos executivos, na média global, o primeiro ponto de atenção ao analisar um currículo é a experiência profissional. No Brasil, 36% dos entrevistados disseram analisar primeiro esse item.
As informações pessoais, como idade e estado civil, recebem mais atenção na Áustria, onde 11% revelaram priorizar esses dados, ante 6% na média global.
A Suíça é a que dá mais atenção para a foto do candidato, com 10% das respostas.
FIGURINO CARIOCA
A incorporadora carioca Latini Bertoletti vai lançar seis condomínios no Rio de Janeiro até o final deste ano.
Estão em fase de aprovação três projetos residenciais, em Niterói, Jardim Botânico e Tijuca, dois comerciais (Barra e Niterói) e um imobiliário misto, de "flats" e escritórios, em Macaé.
O VGV (Valor Geral de Vendas) projetado é de R$ 600 milhões, segundo o sócio Marcelo Latini.
"Com a escassez de terrenos e ações de segurança do governo, há um movimento de migração para áreas que não eram exploradas por estar abandonadas devido à violência", diz Latini.
A companhia prepara a sua estreia fora do Rio.
Vai exportar para São Paulo e para a região Norte do país o modelo de imobiliário misto, como o que fez no shopping Nova América, na zona norte do Rio.
"São torres de escritórios e hotel desenvolvidos ao lado de um shopping já pronto, geralmente no mesmo terreno", diz o sócio Joaquim Pedro Bertoletti.
O QUE ESTOU LENDO
Roberto Quiroga, advogado tributarista
"Memórias de um sobrevivente", de Luiz Alberto Mendes (ed. Cia da Letras), é uma história real, inacreditável e representa um histórico do crime no Brasil", diz Roberto Quiroga, sócio do Mattos Filho, Veiga Filho, Marrey Jr. e Quiroga Advogados.
O livro de um ex-presidiário mostra como os crimes mudaram. "Começou com o batedor de carteira, passou para o assalto a pequenos comércios, depois para bancos, sequestros e culminou com fraude bancária pela internet. Todos crimes ligados ao fluxo do dinheiro."
Demanda de estrangeiros por imóvel no Brasil cresce até 50%
O número de estrangeiros que procuram imóveis para comprar no Brasil aumentou em até 50% neste ano, segundo imobiliárias.
Esse foi o crescimento das vendas para pessoas de outros países na imobiliária Judice & Araujo, do RJ. Hoje esse tipo de negócio representa 30% do total da empresa.
A média do valor dos imóveis adquiridos pelos estrangeiros é de R$ 2 milhões, segundo a imobiliária.
Em SP, na Bamberg Imóveis, o aumento foi de 20%. O presidente da empresa, Michael Bamberg, diz que os clientes compram casas para investir. "Aqui se consegue rendimento de até 12%. Na Alemanha, o máximo é 6%."
Na Coelho da Fonseca, a maioria dos compradores estrangeiros também busca maior rentabilidade.
com JOANA CUNHA, ALESSANDRA KIANEK, VITOR SION e LUCIANA DYNIEWICZ
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