CORTE REAL
MÔNICA BERGAMO
FOLHA DE SÃO PAULO - 08/05/11
Os estilistas das "princesas" brasileiras chegam a cobrar R$60 mil por um vestido de noiva
"Vai ser a volta do clássico, graças a Deus!". A expectativa de Sandro Barros, 35, estilista da Daslu Couture, é de que o modelo com manga longa e saia rodada usado por Kate Middleton no casamento com o príncipe William seja cada vez mais usado entre suas clientes. Ele já assinou peça parecida: no dia das bodas reais, a apresentadora Luciana Gimenez escreveu em seu Twitter que seu vestido de casamento, "by Sandro", era igualzinho ao da duquesa inglesa. "Fiz o dela e o da Trussardi [Maria das Graças] com o mesmo conceito", diz ele.
Há oito anos no ramo, Barros é hoje um dos estilistas de noiva mais requisitados na sociedade paulistana. Dentre os 250 vestidos que já fez -são quatro por mês- estão os de Lianinha Moraes, Patricia Birman, Mariana Auriemo e Helena Lunardelli Diniz. "Minhas noivas são muito importantes em termos de cerimônia, de festa", afirma à repórter Lígia Mesquita.
Seus modelos não saem por menos de R$ 20 mil. Cobrou R$ 60 mil por um vestido com pedraria e renda encomendada da França. "É caro porque usamos tecidos e mão de obra de primeira qualidade, forro de seda." Um modelo mais barato, de R$ 12 mil, é "de crepe georgete, para casar na praia, igual ao da Pippa [Middleton]".
"Aqui na Daslu a gente cuida muito da noiva. Não é padaria", afirma o paulista de Itapetininga. "O que nos diferencia é o gosto e o serviço. Nossas vendedoras são da sociedade, a gente convive naturalmente nas mesmas festas [que as clientes], se encontra em Nova York, Paris. O universo é o mesmo."
Ele diz que a maioria das mulheres que o procura gosta de noiva com cara de noiva. Mas algumas seguem "a moda de casar com roupa mais "clean" após o casamento de Carolyn Besset-Kennedy [ com John Kennedy Jr., em 96. Eles morreram em 99 num acidente aéreo]".
O modelo longo de seda, de alcinha, usado por Carolyn, foi o último que realmente chamou a atenção da estilista Clô Orozco, 60, da Huis Clos. "Pode ser um olhar antigo meu. Mas acho que o mundo ficou mais cafona", diz. Há dois anos, Clô decidiu criar uma linha de noivas, a Prét-à-Marier, que toca com a estilista Vanessa Abbade, 26.
"Fugimos do clássico absoluto, do acadêmico", diz Clô. Em sua linha de pronta-entrega, os preços variam de R$ 4 mil a R$ 12 mil. Sob medida, a dupla cria cerca de quatro modelos por mês, para clientes como Mariana Zurita e Sonia Quintella.
No dia 17, Gloria Coelho apresenta a primeira coleção da linha exclusiva de vestidos de noiva que acaba de criar. Os preços variam de R$ 2.000 a R$ 12 mil. "Tem a noiva romântica, a sexy, a anos 30. Posso fazer a mulher divertida, austera, superfashion. A coisa mais importante no vestido de noiva é o que elas sonham", diz Gloria.
Um dos modelos da carioca Lethicia Bronstein, 31, radicada em SP, foi parar na novela "Passione", no corpo da "noiva" Carolina Dieckmann. Há cinco anos em SP, ela diz que sua grife Lethicia "tem uma pegada vintage". "Gosto de misturar renda, pérola, adoro um laço. Mas quem manda aqui é a noiva. Faço o que ela quer, mesmo que não seja do meu gosto pessoal", diz. Seus vestidos custam em média R$ 14 mil.
A tendência da manga longa pós-casamento real inglês não vingará no Brasil, acredita Lethicia. "Nosso clima não é favorável, nossas festas são muito animadas." Sandro Barros discorda. "Eu e muitas pessoas usamos manga comprida o dia todo aqui. As pessoas dizem "estamos num país tropical". Mas no fim do ano, no verão, vestem os papais noéis com roupas de veludo, colocam neve nas árvores", diz.
"As pessoas esqueceram que o casamento é dentro de uma igreja. Se quer usar alcinha e decote nas costas então é melhor casar na praia", afirma Barros. Devoto de Nossa Senhora Aparecida e das Graças, o estilista gosta de noiva que casa na igreja, com cantos clássicos. "Não dá pra entrar [na igreja] com Abba [grupo que canta "Dancing Queen"], né? Tem que ter critério."
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