Verba, Jabá e água fresca
FERNANDO MELO
Revista Veja
O MST e outros grupos que dizem lutar pela reforma agrária perderam seguidores e tornaram-se nanicos. Mas seus líderes nunca receberam tanto dinheiro do governo
O MST encolheu, mas seu apetite por verbas públicas sÓ fez crescer.Segundo relatório divulgado na semana passada pela insuspeita Comissão Pastoral da Terra, braço marxista da Igreja Católica no Brasil, O Movimento dos Trabalhadores sem Terra representa hoje apenas 14509 fanu1ias - incluindo as que estão acampadas sob um pedaço de lona à margem de rodovias e as que participaram de algum tipo de invasão no ano passado. É menos da metade da torcida do time de futebol da Portuguesa. Em parte, o ape-
quenamento do MST se deve aos próprios fracassos. Seus assentados vivem em situação de miséria, como mostrou pesquisa do Ibope de 2009: 37% sobrevivem com renda familiar de até um salário mínimo. outroS 35% ganham. no máximo, dois salários por família. Apenas I % tem acesso a rede de esgoto. Mas o que mais contribuiu para a crescente . irrelevância do grupo liderado por João Pedra Stedile foi o naufrágio do modelo de reforma agrária do país. A ideia de oferecer "um pedaço de terra" e um par de enxadas para os assentados tocarem sua própria produção não resultou em mais do que um punhado de mexericas
mirradas que ninguém quer comprar. Sem o uso de tecnologia intensiva, não há como avançar na reforma. Prova disso é que não apenas o MST perdeu massa, mas também todas as outras entidades que orbitam em tomo da causa. Em 2003, havia 124600 famílias em acampamentos ali invasões de terras. No ano passado, segundo a Pastoral da Terra. esse número tinha despencado para 20400 (já somado o pessoal do MST), uma queda de vertiginosos 83%.
Contrariando a lógica, porém, os movimentos dos sem-terra, cada vez mais nanicos, nunca estiveram tão bem alimentados - por verbas públicas, claro. Entre 2003 e 20 10, os repasses do Ministério do Desenvolvimento Agrário para o MST e demais entidades ligadas à reforma agrária aumentaram nada menos do que 285%. Chegaram a 282.6 milhões de reais. Os números foram levantados a pedido de VEJA pela ONG Contas Abertas, uma referência de qualidade e independência no controle dos gastos públicos.
A justificativa oficial para o gastO dessa montanha de dÍ11heiro é que ela serve para pagar cursos de aprimoramento agrícola e outros projetOs que beneficiem pequenos agricuJtores incluídos no programa de reforma agrária. O governo poderia fazer isso direrameme, mas desde a administração Fernando Henrique Cardoso decidiu usar o MST e outras ONGs como intermediários. Isso amansa as lideranças, que, por sua vez, podem torrar as verbas como lhes dá na telha. já que a fiscalização dos gastos é ínfima. Uma análise feira por VEJA detectou que, em 2011, sessenta organizações que atuam como "laranjas" do MST receberam 29 milhões de reais do governo. Mas a fatia da turma de Stedile pode ser ainda maior. "Nos últimos dez anos, o MST ganhou muito espaço na divisão de verbas. Certamente, fica com mais de 50% do que é repassado", afirma o engenheiro agrônomo Xico Granano, ex-presideme do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no governo do PSDB.
Há muito o interesse do MST não é conseguir terra para quem quer terra, mas, por meio da fomentação da discussão sobre reforma agrária, manter acima da Unha-d"água o pescoço de seus líderes e seu poder de barganha junto ao governo. É por isso que Stedile costuma repetir a lorota de que há "4 milhões de famJ1ias" na fila para receber um lote. E é por isso também que todo ano o MST promove o Abril Vermelho, uma série burocrática de invasões cujo único objetivo é ocupar páginas de jornal. Eles querem passar a impressão de ser maiores do que na verdade são, como um baixinho que recorre a sapatos com salto carrapera. Nessa tarefa, comam com o apoio de seus parceiros do PT. que ecoam as manifestações e muitas vezes dão apoio logístico a elas. O caso mais recente ocorreu na Bahia. Um grupo acampou diante da Secretaria de Agricultura do estado exigindo mais dinheiro para os assentamentos do MST. O governador Jaques Wagner, em vez de retirar os manifestantes, decidiu mostrar seu espírito hospitaleiro. Com dinheiro público, instalou na área chuveiros e banheiros químicos e ainda abasteceu os invasores com 600 quilos de carne por dia. durante mais de uma semana. Foi tanta comida que o pessoal teve de salgar e secar pane do carregamento, para preservá10. Jabá assim é duro de engolir.
mirradas que ninguém quer comprar. Sem o uso de tecnologia intensiva, não há como avançar na reforma. Prova disso é que não apenas o MST perdeu massa, mas também todas as outras entidades que orbitam em tomo da causa. Em 2003, havia 124600 famílias em acampamentos ali invasões de terras. No ano passado, segundo a Pastoral da Terra. esse número tinha despencado para 20400 (já somado o pessoal do MST), uma queda de vertiginosos 83%.
Contrariando a lógica, porém, os movimentos dos sem-terra, cada vez mais nanicos, nunca estiveram tão bem alimentados - por verbas públicas, claro. Entre 2003 e 20 10, os repasses do Ministério do Desenvolvimento Agrário para o MST e demais entidades ligadas à reforma agrária aumentaram nada menos do que 285%. Chegaram a 282.6 milhões de reais. Os números foram levantados a pedido de VEJA pela ONG Contas Abertas, uma referência de qualidade e independência no controle dos gastos públicos.
A justificativa oficial para o gastO dessa montanha de dÍ11heiro é que ela serve para pagar cursos de aprimoramento agrícola e outros projetOs que beneficiem pequenos agricuJtores incluídos no programa de reforma agrária. O governo poderia fazer isso direrameme, mas desde a administração Fernando Henrique Cardoso decidiu usar o MST e outras ONGs como intermediários. Isso amansa as lideranças, que, por sua vez, podem torrar as verbas como lhes dá na telha. já que a fiscalização dos gastos é ínfima. Uma análise feira por VEJA detectou que, em 2011, sessenta organizações que atuam como "laranjas" do MST receberam 29 milhões de reais do governo. Mas a fatia da turma de Stedile pode ser ainda maior. "Nos últimos dez anos, o MST ganhou muito espaço na divisão de verbas. Certamente, fica com mais de 50% do que é repassado", afirma o engenheiro agrônomo Xico Granano, ex-presideme do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária no governo do PSDB.
Há muito o interesse do MST não é conseguir terra para quem quer terra, mas, por meio da fomentação da discussão sobre reforma agrária, manter acima da Unha-d"água o pescoço de seus líderes e seu poder de barganha junto ao governo. É por isso que Stedile costuma repetir a lorota de que há "4 milhões de famJ1ias" na fila para receber um lote. E é por isso também que todo ano o MST promove o Abril Vermelho, uma série burocrática de invasões cujo único objetivo é ocupar páginas de jornal. Eles querem passar a impressão de ser maiores do que na verdade são, como um baixinho que recorre a sapatos com salto carrapera. Nessa tarefa, comam com o apoio de seus parceiros do PT. que ecoam as manifestações e muitas vezes dão apoio logístico a elas. O caso mais recente ocorreu na Bahia. Um grupo acampou diante da Secretaria de Agricultura do estado exigindo mais dinheiro para os assentamentos do MST. O governador Jaques Wagner, em vez de retirar os manifestantes, decidiu mostrar seu espírito hospitaleiro. Com dinheiro público, instalou na área chuveiros e banheiros químicos e ainda abasteceu os invasores com 600 quilos de carne por dia. durante mais de uma semana. Foi tanta comida que o pessoal teve de salgar e secar pane do carregamento, para preservá10. Jabá assim é duro de engolir.
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