Pobre Diego...
ROBERTO ZENTGRAF
O Globo - 25/04/2011
Não podia dar outra: com a inflação em alta, o Banco Central decidiu por aumentar a taxa de juros novamente, gerando assim debates e manchetes acaloradas. O ideal seria termos taxas mais baixas dizem especialistas. Mas será que estamos preparados para isto? Sei que irei mexer em vespeiro, mas acompanhe comigo, meu querido leitor, a simulação do artigo de hoje.
Se tudo se repetisse como aconteceu nos últimos 12 meses, investidores mais atentos poderiam obter em termos líquidos, e já descontada a inflação, algo próximo dos 4,13% ao ano de rentabilidade - o equivalente a 0,3378% em bases mensais - desde que aplicassem nos títulos do Tesouro, NTN-F de 2021 (acumularam 13,50% no ano encerrado em 20/04/2011) e pagassem 0,30% ao ano de custódia e taxas no Tesouro Direto, além dos 15% de impostos e 6,5% de inflação, quando medida pelo IPCA.
Agora imaginemos que estes investidores tenham como expectativa de vida 80 anos e planejem parar de trabalhar aos 65 anos... Desde que recebam salários inferiores ao teto do INSS, suas aposentadorias serão integralmente pagas pelo governo, mas o que fazer se ganharem mais que o teto? Neste caso, precisarão de um complemento, seja por meio dos planos de previdência, seja por conta própria. Simulando com os 4,13% reais que citei antes, veja o que aconteceria para alguém que desejasse R$5 mil mensais complementares à aposentadoria oficial: no momento em que largasse o emprego, deveria ter um saldo acumulado de quase R$673 mil que, mantido aplicado sob as mesmas condições, lhe garantiria 15 anos de retiradas. Como acumular este valor? Analisemos alguns casos (todos os valores estão expressos a dinheiro de hoje, ou seja, já expurgados dos efeitos da inflação):
1. Antônio (25 anos) teria 40 anos de poupança pela frente, e, assim, desde que depositasse R$562 mensais, aos 65 anos conseguiria o complemento desejado.
2. Bruno (35 anos) teria 30 anos de poupança pela frente e, portanto, com menor tempo para acúmulo, precisaria depositar R$961 mensais para conseguir o mesmo complemento.
3. Carlos (45 anos) teria ainda 20 anos de poupança pela frente e, portanto, com menos tempo ainda, veria seu depósito mensal subir para R$1.825 mensais, caso quisesse o mesmo complemento que os demais.
4. Diego (55 anos) teria somente 10 anos de poupança pela frente e, assim, com muito pouco tempo para acumular, seria forçado a depositar R$4.561 mensais para acompanhar os colegas do artigo.
Percebe-se que deixar para depois tal decisão é encrenca certa diante dos valores dos depósitos, que crescem vertiginosamente, conforme a idade aumenta. Mas o que aconteceria se, com a combinação de inflação e juros mais baixos, imitássemos a China, por exemplo, onde a taxa real de juros é de aproximadamente 1% ao ano? Repito a pergunta feita no início do artigo: será que estamos preparados para isto? Conclua você, querido leitor: simulando para inflação zero, verifiquei que para terem os R$5 mil complementares, Antônio precisaria poupar R$1.708 mensais, Bruno R$2.317, Carlos R$3.535 e Diego R$7.192... Xiiii, complicou, não é mesmo?
Um grande abraço e até a próxima semana!
Se tudo se repetisse como aconteceu nos últimos 12 meses, investidores mais atentos poderiam obter em termos líquidos, e já descontada a inflação, algo próximo dos 4,13% ao ano de rentabilidade - o equivalente a 0,3378% em bases mensais - desde que aplicassem nos títulos do Tesouro, NTN-F de 2021 (acumularam 13,50% no ano encerrado em 20/04/2011) e pagassem 0,30% ao ano de custódia e taxas no Tesouro Direto, além dos 15% de impostos e 6,5% de inflação, quando medida pelo IPCA.
Agora imaginemos que estes investidores tenham como expectativa de vida 80 anos e planejem parar de trabalhar aos 65 anos... Desde que recebam salários inferiores ao teto do INSS, suas aposentadorias serão integralmente pagas pelo governo, mas o que fazer se ganharem mais que o teto? Neste caso, precisarão de um complemento, seja por meio dos planos de previdência, seja por conta própria. Simulando com os 4,13% reais que citei antes, veja o que aconteceria para alguém que desejasse R$5 mil mensais complementares à aposentadoria oficial: no momento em que largasse o emprego, deveria ter um saldo acumulado de quase R$673 mil que, mantido aplicado sob as mesmas condições, lhe garantiria 15 anos de retiradas. Como acumular este valor? Analisemos alguns casos (todos os valores estão expressos a dinheiro de hoje, ou seja, já expurgados dos efeitos da inflação):
1. Antônio (25 anos) teria 40 anos de poupança pela frente, e, assim, desde que depositasse R$562 mensais, aos 65 anos conseguiria o complemento desejado.
2. Bruno (35 anos) teria 30 anos de poupança pela frente e, portanto, com menor tempo para acúmulo, precisaria depositar R$961 mensais para conseguir o mesmo complemento.
3. Carlos (45 anos) teria ainda 20 anos de poupança pela frente e, portanto, com menos tempo ainda, veria seu depósito mensal subir para R$1.825 mensais, caso quisesse o mesmo complemento que os demais.
4. Diego (55 anos) teria somente 10 anos de poupança pela frente e, assim, com muito pouco tempo para acumular, seria forçado a depositar R$4.561 mensais para acompanhar os colegas do artigo.
Percebe-se que deixar para depois tal decisão é encrenca certa diante dos valores dos depósitos, que crescem vertiginosamente, conforme a idade aumenta. Mas o que aconteceria se, com a combinação de inflação e juros mais baixos, imitássemos a China, por exemplo, onde a taxa real de juros é de aproximadamente 1% ao ano? Repito a pergunta feita no início do artigo: será que estamos preparados para isto? Conclua você, querido leitor: simulando para inflação zero, verifiquei que para terem os R$5 mil complementares, Antônio precisaria poupar R$1.708 mensais, Bruno R$2.317, Carlos R$3.535 e Diego R$7.192... Xiiii, complicou, não é mesmo?
Um grande abraço e até a próxima semana!
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