De olho no céu
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 25/04/11
RIO DE JANEIRO - A abertura de arquivos em Brasília revelou que a FAB (Força Aérea Brasileira) passou os últimos 60 anos analisando depoimentos de supostos contatos visuais de pessoas com ovnis (objetos voadores não identificados). No lote de 700 documentos, constam relatos sobre objetos "de grande luminosidade" que apareceram no céu, fizeram uma manobra imprevista e, talvez por timidez, desapareceram na maior velocidade.Sinto inveja das pessoas que juram ter visto discos voadores porque, embora vivesse de olho no céu nos anos 50 -quando os discos saltavam diretamente das páginas de "O Cruzeiro" para a nossa imaginação -, nunca vi nada nem parecido. Foi uma época em que discos voadores abundavam no cinema, nos gibis e nas figurinhas dos chicletes de bola, mas, que raio, se mostravam para todo mundo, menos para mim.
Muito depois, conheci o repórter João Martins, que, em 1952, dera em "O Cruzeiro" o furo dos discos voadores sobre a Barra da Tijuca, fotografados à luz do dia por Ed Keffel.
Sempre que o via, eu puxava o assunto, esperando que ele se distraísse e revelasse que eram pires atirados para o alto, como de fato pareciam. Mas João Martins fazia cara de pôquer e nunca se traiu.
Nas décadas seguintes, tentei esquecer os discos voadores, mas eles continuaram aparecendo, embora apenas para pessoas especiais: Tim Maia, Rita Lee, Paulo Coelho, Raul Seixas, João Gilberto, Baby Consuelo, Xuxa, Wanderléa, o roqueiro Serguei, meu amigo Eduardo Dussek. E, outro dia, até o cantor Fiuk, tão novinho, já viu o seu.
Só não me martirizo ainda mais porque, além de mim, Millôr Fernandes, d. Paulo Evaristo Arns, Antonio Candido, Ferreira Gullar e Fernanda Montenegro até hoje também não viram. É verdade que, certa vez, FHC disse que viu um ovni. Mas o ovni não foi encontrado para confirmar.
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