Rainha Elizabeth
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 25/03/11
RIO DE JANEIRO - Nos anos 50, José Amadio, crítico de cinema de "O Cruzeiro", achou um jeito de homenagear sua estrela favorita, Elizabeth Taylor. Elegeu-a "madrinha da coluna". Com isso, podia dar o retratinho dela todas as semanas, no alto, ao lado de seu nome.
De 1967 a 1972, em que andei entrando e saindo da "Manchete" como repórter e redator, nosso diretor Justino Martins não passava seis meses sem dar Elizabeth Taylor na capa da revista. Bastava faltar um assunto mais importante. O 6x6, com o fabuloso rosto de Elizabeth cravejado pelos olhos violeta, se materializava na minha mesa sem mais nem menos. Eu perguntava: "Qual é o assunto, Justino? O que está acontecendo com Elizabeth Taylor?". E ele respondia: "Nada. Elizabeth Taylor não precisa de assunto. O assunto é ela".
Nessa época, a grande fase de Elizabeth no cinema já estava ficando para trás, e sua presença na mídia se devia mais ao intenso e turbulento casamento com Richard Burton -na verdade, um ménage à trois, envolvendo também o uísque Black Label. Os dois eram alcoólatras: Elizabeth salvou-se à custa de duas internações no Betty Ford Center, na Califórnia; Richard morreu abraçado à garrafa.
Ela foi das poucas estrelas infantis cuja carreira sobreviveu à adolescência e à vida adulta. Enquanto Shirley Temple, Deanna Durbin, Margaret O"Brien e tantas outras pararam nas tranças, apenas Judy Garland e Natalie Wood foram em frente -mas não por tanto tempo quanto Elizabeth. Nasceu estrela, mas, com o tempo, tornou-se uma senhora atriz.
Não é vero que fosse a última diva da Hollywood clássica. Dos meus álbuns de figurinhas "Ídolos da Tela", da Editora Vecchi, de 1955 e 1958, continuam firmes, entre as americanas, Shirley MacLaine (76 anos), Kim Novak (77) e Doris Day (88). Mas, sim, só Elizabeth tinha o porte de rainha.
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