Sósias
RUY CASTRO
FOLHA DE SÃO PAULO - 18/03/11
RIO DE JANEIRO - Na 2ª Guerra, a Inglaterra e a Alemanha, países bons de teatro, bolaram um jeito de proteger seus marechais no norte da África e, ao mesmo tempo, despistar uns aos outros. Esses marechais eram Montgomery, pelos ingleses, e Rommel, pelos alemães. Dois gênios da estratégia.
Monty e Rommel tinham sósias capazes de enganar não apenas seus soldados como suas mulheres ou namoradas. A Inglaterra deixava vazar, por exemplo, que Monty ia ao Cairo quando, na verdade, ele estava no canal de Suez, atrás de uma duna, de olho nos alemães. Da mesma forma, os alemães insinuavam que Rommel ia a Alexandria quando, na verdade, ele estava em Gizé, atrás de uma duna, de olho nos ingleses.
Nessas idas e vindas de tanques pelo deserto, não se sabe como os marechais e seus sósias não se cruzaram em pessoa em algum ponto do Egito ou da Tunísia. O que se sabe é que, na decisiva batalha de El Alamein, em 1942, Monty bateu Rommel feio. Os alemães alegam que, no troca-troca, eles se confundiram e mandaram o sósia para a batalha, enquanto o autêntico Rommel ficou no oásis, de bermuda e óculos Ray-Ban, tomando áraque pelo canudinho, o que facilitou a vida de Monty.
A ideia do sósia podia ser aproveitada pelos americanos nesta visita do presidente Obama ao Rio. Como a agenda de Obama está sobrecarregada, seu sósia daria conta de certos compromissos, como subir ao Cristo ou tomar um chope no Amarelinho, enquanto, a portas fechadas, o Obama real falaria de negócios com o governador Sérgio Cabral ou com a presidente do Flamengo, Patrícia Amorim.
O sósia, claro, já existe. É o simpático carioca Rinaldo Gaudêncio, que há anos se passa por Obama no Maracanã, no sambódromo, no Jô etc. O perigo é o levarem para Washington, deixando o legítimo Obama para trás.
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