O xerife confessa o fracasso
CLÓVIS ROSSI
Folha de São Paulo - 10/02/11
SÃO PAULO - Saiu ontem um relatório simplesmente devastador sobre o papel do FMI (Fundo Monetário Internacional) nas vésperas da crise 2008/09.
O IEO (sigla em inglês para Escritório de Avaliação Independente) produziu um trabalho denso e imperdível para quem queira entender a crise, a mais grave desde o colapso de 1929.
Algumas frases bastam para ter uma ideia do fracasso do FMI:
"O FMI forneceu, antes da eclosão da crise, poucas advertências claras sobre os riscos e a vulnerabilidade associadas com ela. A mensagem básica era de otimismo contínuo depois de mais de uma década de condições econômicas benignas e baixa volatilidade macroeconômica", diz o texto.
Traduzindo para português claro: o xerife dormiu no ponto.
Mais: "O FMI, em sua vigilância bilateral sobre os Estados Unidos e o Reino Unido, endossou em grande medida políticas e práticas financeiras que eram vistas como estimulantes de rápida inovação e crescimento. A crença em que os mercados financeiros eram fundamentalmente sadios e que grandes instituições financeiras poderiam enfrentar qualquer eventual problema amorteceu o sentido de urgência para enfrentar riscos ou para preocupar-se com possíveis desenlaces severamente adversos".
Traduzindo: o xerife dormia enquanto os corsários operavam a plena carga, até o colapso.
O importante agora é olhar para a frente, ainda mais que o G20 está transformando o FMI em uma espécie de secretaria-geral das finanças planetárias.
O Fundo aprendeu as lições da crise? Responde, em nome pessoal, Paulo Nogueira Batista Jr., o delegado brasileiro no FMI: "O Fundo passou por um processo de reciclagem, ainda incompleto. O relatório do IEO é importante para aprofundar esse processo de transformação". A conferir.
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