Ciro Serra e Dilmandela
ELIANE CANTANHÊDE
FOLHA DE SÃO PAULO - 16/05/10
BRASÍLIA - Enquanto José Serra brinca perigosamente de ser Ciro Gomes, reagindo com mau humor e até uma certa agressividade em entrevistas ora para a CBN, ora para a Radiobras, sua adversária Dilma Rousseff testa personalidades.
Numa hora, é chamada de Nelson Mandela brasileiro pelo padrinho Lula. Noutra, surge como Norma Bengell num comício das Diretas, ao qual jamais compareceu. Numa terceira, apresenta-se com diplomas que, na verdade, não tem.
Enquanto candidata, Dilma virou a mãe do Luz para Todos, programa que existe no papel do PT há uns 20 anos, quando ela nem era do partido, e foi implantado no governo FHC. De manhã, é católica. À noite, recebe bênção de mães de santo. E quer virar petista desde criancinha, contrariando sua biografia.
O "Serrinha paz e amor" quer o fim da independência do BC e não resiste à máxima de que "perguntar não ofende". Dilma precisa se reinventar e se pendurar em Lula para tudo. Logo, devem estar loucos para o horário gratuito de TV começar. Ali, não correm risco. Ali, só falam o que mandam falar, só riem como mandam sorrir, só acreditam no que mandam acreditar.
Até lá, porém, não tem jeito. Ajoelhou, tem de rezar. Têm de respirar fundo, recorrer aos florais de Bach e usar daquelas "pulseiras da Nasa" para ficar zen a módicos US$ 200. Porque jornalistas perguntam, candidatos respondem.
E, se não têm o que responder, que dancem tango, cantem ópera, façam como Hugo Chávez e encham linguiça. Só não podem estapear o entrevistador nem a própria história.
Sabe por quê? Porque o jornalista é um só, mas os ouvintes, os telespectadores e os leitores são milhares, milhões. Ah. E eles costumam atender pelo nome de... eleitor.
Lula lá, no Irã, passa por um teste nuclear hoje. Ou volta vitorioso ou confirma a acusação de "ingenuidade" feita por Hillary Clinton.
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