Jornal e o diabo
FOLHA DE SÃO PAULO - 05/04/10
"Hierarquia católica se une em torno do papa para a Páscoa", dizia a manchete no site do "New York Times", ontem à tarde. Abrindo a reportagem, "um cardeal proeminente, em desvio marcante na tradição da missa de Páscoa na Santa Sé, se postou diante de Bento 16 e pronunciou uma demonstração de apoio, em resposta à raiva crescente pelo escândalo de abuso sexual da Igreja Católica".
No texto "mais popular" do "NYT" de ontem, a colunista Maureen Dowd respondeu aos padres Gabriele Amorth, "exorcista chefe da Santa Sé", que acusou "a cobertura do "NYT" de ser instigada pelo diabo", e Raniero Cantalamessa, "pregador da casa papal", que comparou os "ataques" ao antissemitismo. Sobre o primeiro, "não foi o diabo que me fez agir assim, foram os fatos". Sobre o segundo, fez "insulto" a judeus -do qual o próprio padre já se penitenciou.
Fim do dia, o site do "Zero Hora" noticiou, com eco pelos portais, que a igreja do Rosário havia sido alvo de vandalismo, em Porto Alegre.
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REDENÇÃO
Desde sexta-feira na BBC e no "NYT" de papel, ecoa mundo afora o assassinato de Pedro Alcântara de Souza, "líder de um sindicato de sem-terra no Pará". Dois homens em motos acertaram cinco tiros na cabeça de Souza, "por suas atividades políticas", segundo policiais de Redenção. Ele estava com a mulher, no limite de um assentamento na cidade.
O site da revista "Time" destacou ontem longo texto do correspondente Andrew Downie, que entrevistou a viúva do sindicalista, sob o enunciado "O lado escuro do milagre econômico do Brasil", lembrando que a freira Dorothy Stang também foi morta na região.
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RESULTADOS
Boris Casoy noticiou no "Jornal da Band" e foi manchete no UOL, de sábado para domingo, "Diferença entre José Serra e Dilma Rousseff cai, diz Vox Populi". No Terra, "Serra tem 34% contra 31% de Dilma". Por outros, também manchete, "Dilma sobe e encosta em Serra".
A cobertura on-line ecoou nota da coluna Painel, no sábado, informando que o questionário incluiu pergunta relativa aos cargos que os candidatos já ocuparam, "procedimento conhecido por distorcer resultados".
COM LULA, SEM FHC
No jornal "O Globo" de ontem, em papel e no site, "Nos discursos, Dilma só fala em Lula, enquanto Serra evita Fernando Henrique". Analisando 13 discursos de Dilma e 32 de Serra, destaca que a primeira citou "presidente" 96 vezes e o segundo citou o ex-presidente 4 vezes.
MAS FHC CONTINUA
FHC publicou coluna ontem no "Globo" e em outros jornais, sob o título "Hora de união", conclamando: "Cabe a Serra e a Aécio conduzir-nos a uma vitória. Eles não nos decepcionarão". O jornal "O Estado de S. Paulo" abriu espaço também para uma sabatina com o ex-presidente.
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RISCO BRASIL
Correspondente da Reuters, Raymond Colitt fez um guia dos "riscos políticos que requerem atenção". A eleição brasileira é "a de menor risco para os investidores no último quarto de século, mas há alguns".
Diz que tanto Dilma como Serra "acreditam num papel forte para o governo na economia" e que "o mercado não tem preferido". Avisa para acompanhar: "a escolha dos assessores econômicos nas próximas semanas"; o possível desacordo no pré-sal, com efeito nas ações da Petrobras; e um eventual favoritismo de Serra, com efeito nos investimentos na Argentina e na Bolívia.
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BOEING VS. EMBRAER
O "Wall Street Journal" noticiou que as "Negociações da aviação são paralisadas pelo surgimento de novos rivais no Canadá e no Brasil". A americana Boeing e a europeia Airbus, que têm "acordo informal" para não vender aviões com financiamento estatal nos EUA e na Europa, querem que a canadense Bombardier e a brasileira Embraer passem a seguir o mesmo padrão.
"Mas as emergentes estão rejeitando, segundo pessoas informadas sobre a questão." O problema é que a Bombardier e a Embraer passaram a produzir aviões maiores -que poderão concorrer com as duas gigantes do setor aéreo, por exemplo, por uma grande "encomenda da United Airlines programada para este ano".
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RÁPIDO COMO UMA BALA
Sob o título "É um pássaro, é um avião, é Obama!", Frank Rich ironiza no "NYT" a "troca instantânea de imagem" após a reforma na saúde. Do site Daily Beast ao "FT", Obama é agora o "Super-Homem". O colunista liberal avisa que o teste será "a velocidade com que sair da recessão"
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