A quem interessa controlar a internet?
EDUARDO PARAJO
FOLHA DE SÃO PAULO - 29/04/10
Há uma movimentação das empresas de telefonia para que sejam tratados de forma unificada dois serviços hoje distintos para acesso à rede
NA ÉPOCA da privatização da telefonia, a comunicação dependia de linhas que, de tão caras, eram declaradas em Imposto de Renda. Ninguém imaginava que, hoje, as chamadas seriam via internet, muito menos que o cidadão viria a ter voz ativa na rede ou poderia aprender à distância, por meio de simples cliques.
Essa mudança dos hábitos dos brasileiros, embora benéfica, não é simpática às empresas tradicionais de telefonia, acostumadas que estão a operar no Brasil sem concorrência. Há, por exemplo, uma movimentação dessas empresas para que sejam tratados de forma unificada e mantidos em única estrutura, verticalizada, sob seu controle, os dois serviços hoje distintos para o acesso à internet.
São eles o serviço de conexão, chamado SVA (serviço de valor adicionado), prestado por provedores que, dentre outras utilidades, promovem a segurança na rede e disponibilizam serviços como e-mail, blogs, fotoblogs e chats e, de outro lado, o serviço de telecomunicações, a banda larga, prestado pelos detentores da infraestrutura de telefonia, que promove o acesso "físico" à rede.
É perceptível o objetivo dessa estratégia: garantir às telefônicas, que, não por acaso, lideram os rankings de reclamações de consumidores, o controle pleno do acesso à internet.
E esse movimento dá continuidade à falsa propaganda sobre a "desnecessidade de provedor".
Mas provedor é sempre necessário, pois tudo que não é o "meio" de telecomunicações é SVA, inclusive serviços de endereçamento lógico (e não físico) dos bites e os que permitem a correta e segura movimentação das informações na rede, além de outros ligados às demandas da era digital.
Na época da internet discada, os serviços necessários ao acesso eram claramente identificáveis, não se cogitando essa falsa confusão entre o SVA, prestado pelos provedores, e o serviço de telefonia.
Hoje, na era da alta velocidade, as telefônicas não só exigem o consumo casado do serviço de banda larga com o de voz como também impuseram aos provedores contratos de adesão para o aluguel "forçado" de alguns dos principais serviços para a conexão à nuvem, justamente buscando um controle maior dos serviços relacionados ao acesso à internet.
O que não está acontecendo, mas deveria, é a transparente classificação e cobrança de cada serviço, ainda que ofertado em "combos". Não é demais relembrar: não existe serviço "grátis".
A conta sempre aparece, em um ou em outro lugar. A questão é muito simples: o internauta tem ou não o direito de escolher quem faz o quê com sua navegação, seus dados e informações e decidir quanto quer pagar por esses serviços?
Cabe também perguntar quem tem incentivos econômicos para prestar um SVA eficiente: as telefônicas, monopolistas, ou os provedores independentes, que operam em livre concorrência no mercado?
A resposta é óbvia: mais concorrência tende a melhor qualidade. Ademais, o foco das empresas de telefonia é (ou pelo menos deveria ser) investir na qualidade das redes, e não "abocanhar" outros serviços. O que se pretende com essa estratégia, portanto, é que não mais exista a figura dos provedor independente -hoje são mais de 1.700, que geram mais de 200 mil empregos diretos e indiretos- e que as telefônicas possam ser as únicas a fornecer os serviços necessários ao acesso à internet.
Permitirá a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que todos esses serviços sejam prestados unicamente pelas telefônicas, que hoje colocam o Brasil entre os piores países em qualidade da banda larga, e que sejam erradicadas as sementes da concorrência na era digital?
Nosso legislador havia optado por excluir das telecomunicações o SVA.
Faz sentido: estudos como os do Massachusetts Institute of Technology concluíram ser determinante, para a proliferação da internet, a segregação adequada dos serviços, para dinamizar a participação em serviços de alto potencial de desenvolvimento -evitando assim o oligopólio-, além de minimizar os malefícios da falta de incentivo à inovação e desrespeito ao consumidor.
Eventual revisão da legislação deve servir para retrocedermos?
O que está em jogo é a liberdade de acesso satisfatório ao conteúdo gerado na rede mundial de computadores. É permitir que se troquem dados e informações, sem discriminação pelas empresas de telefonia.
Por isso, é fundamental que não se alterem as normas que hoje permitem a coexistência dos dois serviços. A sociedade merece respeito.
EDUARDO PARAJO é presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet).
Um comentário:
Caro Senhor. EXIATE UM FATO UNICO EM RELACAO AOS PROVEDORES DE INTERNET. TECNICAMENTE NAO EXISTE NECESSIDADE DESTE SERVICO. MOREI POR 5 ANOS NA INGLATERRA E LA EXISTE APENAS A LIGACAO FISICA, POR CABO OU POR MODEM VIA TELEFONE (ADSL) PARA A LIGACAO COM ITERNET. NUNCA PRECISEI PAGAR POR PROVEDOR DE INTERNET. NUNCA ME SOLICITARAM QUE EU PAGASSE POR SERVIDOR DE INTERNET, APENAS PARA A LIGACAO FISICA, ATRAVES DO CABO OU ADSL. DEU PARA ENTENDER?? NA VERDADE VCS SAO ATRAVESSADORES DE PRODUTO. O SERVICO QUE VCS PRESTAM NAO TEM POR QUE EXISTIR. IMAGINO QUE COM 70 MILHOES DE USUARIOS NO BRASIL E QUE A METADE PAGUE PROVEDOR, 35 MILHOES E QUE CADA PAGUE NO MINIMO R$ 10,00 POR MES, COMPUTANDO VALORES CHEGAMOS A NUMEROS DE MAIS DE 4 BIL DE REAIS POR ANO. E POR ISSO QUE VCS NAO QUEREM LARGAR A MAMATA E CONTINUAR CHUPANDO DAS TETAS DO POVO. DESAFIO PARA VC EM UM DEBATE PUBLICO EM QQUER EMISSORA DE TELEVISAO ABERTA EM HORARIO NOBRE. LOGICAMENTE QUE VCS PODERAO PAGAR PELO HORARIO E ENTAO VC PODERA ESCLARECER AOS RICO POVO BRASILEIRO, QUE PAGA MAIS PELA INTERNTE QUE EUROPEUS E AMERICANOS, A RAZAO PELA QUAL AINDA PRECISAMOS PAGAR A VCS PARA TERMOS ACESSO LIVRE PARA A INTERNET
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