segunda-feira, dezembro 07, 2009

TODA MÍDIA

Copenhague, afinal

NELSON DE SÁ

FOLHA DE SÃO PAULO - 07/12/09


O "Guardian" anunciava, com a manchete on-line "14 dias para selar o julgamento desta geração", que 56 jornais no mundo, Brasil inclusive, publicam hoje um editorial elaborado pelo britânico. O "New York Times", também voltado a Copenhague, destacava o inédito aparato de segurança.
Já a Reuters despachou pesquisa Nielsen/Oxford, informando que "a preocupação mundial com a mudança climática diminuiu nos últimos dois anos".

No alto das buscas de Brasil pelo Yahoo News, reportagem especial de Raymond Colitt sobre uma fazenda experimental na Amazônia que pesquisa maior produtividade e menor impacto na produção de carne. O setor é um dos mais visados na meta brasileira de redução de emissões.
E o G1 destacou entrevista com o americano Al Gore, que não crê em acordo, mas se diz otimista e declara, no destaque, que "Lula teve um papel fundamental para estimular outros emergentes a adotarem medidas contra as emissões", com o anúncio da meta.


GOLPE TOLERADO
Em editorial, o "NYT" lamenta como, após "começar forte, o governo Obama hesitou" em Honduras. Questiona Thomas Shannon, indicado embaixador no Brasil, por ter saído dizendo que os EUA aceitariam as eleições sob controle golpista. Cobra investigação interna do golpe e a volta das "liberdades civis, inclusive liberdade de imprensa". Afirma que, "até lá, os EUA não devem restaurar a ajuda a Honduras", nem a OEA aceitar o país:
"Os militares de Honduras e de toda a região precisam saber que golpes não serão tolerados."

OLIGARQUIAS
A "New Yorker" vai além e afirma que "a humilhação do governo Obama foi completa" em Honduras, com a recusa do retorno de Manuel Zelaya. Em longo texto, mostra como o Departamento de Estado cedeu aos republicanos e aos conservadores do próprio governo. E concentra fogo em Thomas Shannon, que acertou com os republicanos a aceitação do pleito, sob regime golpista, antes de viajar a Honduras. Foi uma "reação fingida dos EUA" e:
"Militares irrequietos e oligarquias nervosas, através de toda a América Latina, tomaram nota disso."

OPORTUNIDADES
Por outro lado, Peter Romero, que foi subsecretário de Estado de Bill Clinton para a América Latina, assina o artigo "Grande desafio, grande oportunidade", no "Miami Herald". Defende o golpe como defesa da democracia e sugere haver "uma dúzia de países, na América Latina, onde o cenário de Honduras poderia se reproduzir".
Propõe pronta ação para "apoiar os nossos amigos, isolar os agitadores populistas e restaurar o consenso democrático que definiu os interesses estratégicos dos EUA nas Américas desde o fim da Guerra Fria".


UMA MUDANÇA PERDURA
Pesquisas de boca de urna ainda não haviam saído e o espanhol "El País" já saudava em manchete o "desenvolvimento da democracia", no dizer de Evo Morales.
Também no alto da home do "NYT", com dois enviados a La Paz, "Uma força por mudança perdura, na Bolívia". O jornal ouve, entre muitos, um economista formado em Harvard, que descreve como "até o FMI está feliz com a economia da Bolívia. Imagine a ironia".
O "Financial Times", também com dois enviados, entrevistou e destacou na home o ministro da economia, Luis Arce, sobre o crescimento de 4% este ano, "apesar da perda de privilégios comerciais nos EUA". Ele creditou o crescimento ao consumo interno.

A ERA CHINESA
O "NYT" publicou o primeiro capítulo e uma resenha de "Quando a China Domina o Mundo", livro de Martin Jacques, colunista do "Guardian", lançado agora nos EUA. A resenhista Michiko Kakutani questiona desde o título "dramático" até a previsão de que o país logo vai "tirar do posto" os EUA.
No excerto, Jacques se fundamenta em parte no relatório do Goldman Sachs que gerou a expressão Bric e num outro, da PwC, "sugerindo que a economia brasileira poderia ser maior do que a japonesa em 2050".

TOLERÂNCIA SEM FIM
Do canal NY1 aos tabloides "New York Daily News" e "NY Post", ecoou em Nova York a contratação de Rudy Giuliani, ex-prefeito da cidade, para "assessor de segurança" do Rio. Ele ajudaria "a preparar a cidade para os Jogos de 2016", com sua política de "tolerância zero".
Ele "vai para o ouro", no dizer do "Daily News", que acompanhou a visita de Giuliani a "uma favela". O jornal e os demais destacam que é mais uma indicação de que ele desistiu de retomar a carreira nos EUA.

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