SÃO PAULO - Márcio Thomaz Bastos era um jovem vereador em Cruzeiro, sua cidade natal no Vale do Paraíba, quando participou da Marcha da Família com Deus pela Liberdade -ato contra o governo João Goulart realizado em São Paulo, dias antes do golpe de 1964. Em 1º de abril, o advogado registrou na Câmara local o apoio aos militares. O episódio, quase desconhecido, consta de um longo perfil do ex-ministro da Justiça de Lula, escrito pelo jornalista Luiz Maklouf Carvalho para a edição da revista "Piauí" que circula a partir de amanhã. Bastos conheceu Lula em 1979, nas greves do ABC. Havia iniciado o desembarque da ditadura no começo dos anos 70, quando se projetou na OAB. Ele era "Arena no interior e MDB na capital", brinca José Carlos Dias, também criminalista e ex-ministro da Justiça, mas de FHC. "O Márcio é bagre de barriga ensaboada", provoca Dias, para quem o colega seria menos um petista do que um "advogado do PT" -ou um "petista atucanado". Cheia de veneno, a definição fisga o âmago de uma personalidade anfíbia, sedutora e sempre bem-sucedida. O talento profissional de Thomaz Bastos brilhou quando o ministro na prática atuou como advogado de defesa do governo: ao evitar a expulsão de Larry Rother do país, ao forjar a teoria do caixa dois para explicar o mensalão, ao ajudar Palocci a se safar da violação do sigilo do caseiro. São águas passadas. O estilo jeitoso, "atucanado", do mestre da redução de danos foi substituído no segundo mandato pelo "bateu, levou". A advocacia criminal para empresas fez de Thomaz Bastos um homem rico. Ele "só fica triste quando acha que cobrou pouco", diz uma ex-sócia. Segundo a "Piauí", Bastos exigiu R$ 15 milhões para defender a Camargo Corrêa, alvo da Operação Castelo de Areia da PF, que, até março de 2007, se subordinava à sua pessoa. Sim, é espantoso, mas não é ilegal. Entre seus clientes atuais estão o empresário Eike Batista, que tenta se aproximar do governo, e o famoso doutor Roger Abdelmassih. |
Nenhum comentário:
Postar um comentário