O GLOBO - 17/11/09
Deputados federais são representantes do povo. Isso não é frase feita: eles literalmente agem, ou devem agir, exclusivamente, em nome dos cidadãos. Trata-se de honra e privilégio garantidos a poucos — uma pequena fração da quantidade de políticos que periodicamente disputam um mandato.
É pena que muitos deles ignorem que o conceito de privilégio existe apenas em relação às condições indispensáveis ao exercício da representação.
Essa ignorância explica, sem justificála, a visão do mandato como prêmio concedido pelos eleitores aos políticos que, por alguma razão, fizeram por merecê-lo. O mandato seria uma espécie de emprego público, conquistado como prêmio por bons serviços, reais ou supostos, prestados ou simplesmente prometidos por políticos bem-sucedidos.
Essa premissa — invocada com ou sem ingênua sinceridade — tem explicado variadas iniciativas absurdas já vistas no Congresso.
Como a da instituição de aposentadoria para deputados, que por pouco não vingou. Cada cidadão tem o direito de interpretar a absurda confusão entre mandato e emprego como achar melhor.
Excesso de cinismo ou extraordinária ingenuidade? Quem acredita em cinismo pode ter sua opinião reforçada pelo fenômeno dos gazeteiros das quintas-feiras. É a bancada dos apressadinhos: marcam o ponto no plenário de manhã cedo e correm para o aeroporto, garantindo tempo de sobra para cuidar de seus interesses em currais eleitorais.
No momento, a gazeta está suspensa, graças a uma reportagem do GLOBO documentando o fenômeno. O painel que registra a presença dos deputados na casa passou a ser aberto apenas às 9 horas, quando se inicia a sessão do dia. Resultado da estreia do novo sistema, quinta-feira passada: 97 deputados no plenário. Na semana anterior, eram só 11.
De uma semana para outra, o número de viajantes matinais caiu de uns 80 para menos de 30. Além disso, a sessão foi comandada desde o primeiro momento pelo presidente Michel Temer, o que não é comum.
Não se tem notícia ainda de uma moção de aplauso ao jornal por ter revelado o trambique. Deve ser por falta de tempo.
É pena que muitos deles ignorem que o conceito de privilégio existe apenas em relação às condições indispensáveis ao exercício da representação.
Essa ignorância explica, sem justificála, a visão do mandato como prêmio concedido pelos eleitores aos políticos que, por alguma razão, fizeram por merecê-lo. O mandato seria uma espécie de emprego público, conquistado como prêmio por bons serviços, reais ou supostos, prestados ou simplesmente prometidos por políticos bem-sucedidos.
Essa premissa — invocada com ou sem ingênua sinceridade — tem explicado variadas iniciativas absurdas já vistas no Congresso.
Como a da instituição de aposentadoria para deputados, que por pouco não vingou. Cada cidadão tem o direito de interpretar a absurda confusão entre mandato e emprego como achar melhor.
Excesso de cinismo ou extraordinária ingenuidade? Quem acredita em cinismo pode ter sua opinião reforçada pelo fenômeno dos gazeteiros das quintas-feiras. É a bancada dos apressadinhos: marcam o ponto no plenário de manhã cedo e correm para o aeroporto, garantindo tempo de sobra para cuidar de seus interesses em currais eleitorais.
No momento, a gazeta está suspensa, graças a uma reportagem do GLOBO documentando o fenômeno. O painel que registra a presença dos deputados na casa passou a ser aberto apenas às 9 horas, quando se inicia a sessão do dia. Resultado da estreia do novo sistema, quinta-feira passada: 97 deputados no plenário. Na semana anterior, eram só 11.
De uma semana para outra, o número de viajantes matinais caiu de uns 80 para menos de 30. Além disso, a sessão foi comandada desde o primeiro momento pelo presidente Michel Temer, o que não é comum.
Não se tem notícia ainda de uma moção de aplauso ao jornal por ter revelado o trambique. Deve ser por falta de tempo.
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