Ciro Gomes (PSB) vive momento hamletiano: ser ou não ser candidato a presidente? A resposta é mais difícil do que parece à nossa vã politicologia. Como alardeia fidelidade ao presidente Lula, Ciro submeterá seu projeto pessoal -a disputa da Presidência- ao que melhor convier a Lula -por exemplo, disputar o governo de São Paulo, como bom cidadão pindamonhangabense que é. Qual o fator fundamental para decidir se a base governista terá um ou dois candidatos? A maior ou menor possibilidade de Serra vencer já no primeiro turno. Na pesquisa Ibope mais recente, o tucano tem 35% dos votos, contra 40% da soma de Ciro, Dilma (PT) e Marina Silva (PV), com margem de erro de dois pontos percentuais. Ou seja, não é uma ideia improvável. Para tal, a seguir os conselhos de marqueteiro próximo ao núcleo PSDB-DEM, Serra terá de fazer um discurso não raivoso contra Lula, naquela linha que Aécio Neves mais repete: nem a favor, nem contra, mas pós-Lula. Serra, que passou a campanha de 2002 dizendo que não era o momento de olhar para o retrovisor, na tentativa de escapar da herança de FHC, teria de continuar a propor que se olhe para a estrada, sem satanizar a era Lula, para não se indispor com 67% dos eleitores que o aprovam. A saída de Ciro dessa disputa ajudaria mais a Serra (que poderia liquidar a fatura no primeiro turno) ou mais a Dilma (que poderia ganhar corpo com votos governistas hoje dados ao pré-candidato do PSB)? Ninguém tem essa resposta, apesar de pesquisas poderem indicar possibilidades, mas nunca permitir certezas absolutas. Daí por que Lula deve adiar ao máximo o bater do martelo sobre se é melhor ter um ou dois candidatos contra Serra. Como diria o aliado lulista Fernando Collor, o tempo será outra vez o senhor da razão. |
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