Os Estados Unidos beneficiam 16 milhões de famílias em um programa de assistência social à população carente, mais do que as 12 milhões de famílias brasileiras atendidas pelo Bolsa Família. O volume de recursos gasto com benefícios sociais também é maior nos EUA. Enquanto o governo americano distribuiu US$ 45 bilhões em benefícios nos últimos 12 meses, até junho, no Brasil, o gasto no período não chega a R$ 15 bilhões. O Snap (Supplemental Nutrition Assistance Program) é uma espécie de vale-alimentação americano para famílias carentes. Antigamente chamado de Food Stamp, o programa existe há mais de 40 anos. A procura pelo benefício cresceu durante a crise econômica e 3,6 milhões de famílias ingressaram no Snap no período. "Esse programa faz parte das políticas sociais que todo país tem. Mas, no caso dos Estados Unidos, o que impressiona são o montante e o aumento da adesão durante a crise", afirma Octavio de Barros, diretor de pesquisas do Bradesco. O economista Marcelo Neri, da FGV, considera o Bolsa Família mais bem elaborado que o Snap. O programa brasileiro cobra uma contrapartida do beneficiário, como frequência escolar e vacinação dos filhos. "O Bolsa Família usa uma tecnologia de assistência social mais nova do que o Snap", diz. Neri afirma que esses programas estão sendo copiados e melhorados continuamente. O Opportunity NYC, criado em 2007, em Nova York, sob inspiração do Bolsa Família, representa um avanço. "Em vez de frequência escolar, o Opportunity cobra bom desempenho dos alunos das famílias assistidas", diz Neri. O Bolsa Família também mudou. Antes, apenas famílias com renda per capita até R$ 120 podiam participar. Em abril deste ano, o teto subiu para R$ 137. "Essa mudança incluiu 7,8 milhões de pessoas entre os possíveis beneficiários do programa. Isso significa um salto de 17% para 22% da população brasileira", diz Neri, com base em dados da mais recente Pnad, pesquisa do IBGE. O número de famílias atendidas cresceu 6% neste ano ante dezembro de 2008, segundo dados de agosto do Ministério do Desenvolvimento Social. Para Neri, os fatores que impulsionam a expansão dos programas sociais no Brasil e nos EUA são diferentes. "Nos Estados Unidos, houve um crescimento da pobreza. No Brasil, o programa flexibilizou os critérios de seleção dos beneficiários", afirma.
Frase "Esse programa [americano] faz parte das políticas sociais que todo país tem. Mas, no caso dos EUA, o que impressiona são o montante e o aumento da adesão durante a crise" OCTAVIO DE BARROS diretor de pesquisas do Bradesco
DESCOLADO O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, aposta em uma expansão do PIB brasileiro em 2010 "mais próxima de 5% do que de 4%". Para ele, os países emergentes passaram por um descolamento relativo em relação à crise, mas não absoluto. As medidas do governo de incentivo à economia combinadas às oportunidades de investimento no Brasil "não anulam os efeitos da crise, mas podem sustentar uma trajetória de crescimento bem acima da média mundial", diz.
CESTA BÁSICA No primeiro semestre, as classes D e E registraram um aumento de 17% no volume de compras de bens não duráveis, na comparação com o mesmo período de 2008. A expansão foi maior do que na classe C, que teve 10% de crescimento, e nas classes A e B (8%). O levantamento é da empresa de pesquisa LatinPane |
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