Butantan garante autossuficiência e inovação
FOLHA DE SÃO PAULO - 14/09/09
Reduzindo a incidência de todas as formas de influenza, reduziremos a demanda de internações hospitalares no inverno
A FUNDAÇÃO Butantan (FB) entrega a cada ano cerca de 150 milhões de vacinas -90% das vacinas completamente produzidas no Butantan- para o Ministério da Saúde. A parceria Sanofi-Butantan ajudou a construir, sem nenhum pagamento futuro, a única fábrica de vacinas de influenza da América Latina, que começa a produzir em outubro.
O vírus da influenza sofre mutações ao acaso, que podem tornar um vírus mais ou menos agressivo. Quando dois vírus diferentes convivem na mesma célula, eles trocam pedaços do RNA, formando novos vírus, como o vírus AH1, que tem pedaços de vírus do porco, de aves e do homem.
O vírus AH1 é, no momento, pouco agressivo se comparado à gripe do ano, mas se transmite com grande eficácia e esparramou-se por todos os países (pandemia). Desaparecerá no verão, mas pode voltar muito agressivo no próximo inverno.
A Organização Mundial da Saúde, com a colaboração de centros em muitos países (como o Adolfo Lutz), colhe os vírus que surgem e manda produzir o lote de vírus atenuados (que não causam a doença), que é dado a todos os produtores, inclusive o Butantan. No caso da influenza, não temos que reinventar a vacina!
É necessária uma fábrica complexa, que leva mais de três anos para ser construída e equipada. Daí a importância da parceria entre a Secretaria da Saúde de São Paulo (R$ 65 milhões para a construção) e o Ministério da Saúde (RS 40 milhões na aquisição de equipamentos) com a FB (R$ 15 milhões), que está empregando e treinando os técnicos que vão produzir.
Quando surgiu a ameaça da influenza aviária, que mata metade dos enfermos, a FB criou, com auxilio financeiro da OMS e da Finep, um laboratório piloto que, usando o lote semente preparado pela OMS, já produziu as primeiras 20 mil doses e poderá produzir milhões de doses da vacina.
Insistimos em 2006 que, se lográssemos adicionar à vacina um adjuvante, poderíamos reduzir a quantidade para cada pessoa e, com isso, aumentar a capacidade de fabricação de vacinas -e (óbvio) reduzir o custo. Estávamos certos: a vacina da gripe aviária era pouco potente -a vacina sem adjuvante exigia seis vezes mais vírus mortos que a vacina do ano.
Desenvolvemos um novo adjuvante e mostramos que dez milionésimos de grama bastam para vacinar camundongos contra influenza aviária com um quarto da dose. Podemos produzir 30 kg/ano, suficiente para 3 bilhões de doses de vacina.
Está garantida nossa autossuficiência: temos a fábrica e sabemos produzir. Como vírus só se reproduzem no interior de uma célula viva, usamos ovos com embriões, que devem ser produzidos em grandes quantidades, numa grande empresa nacional aprovada por técnicos da Sanofi, livres de outros vírus, bactérias e antibióticos. E temos o adjuvante, que neste mês será ensaiado em voluntários, para estabelecer a menor quantidade segura da vacina para evitar a influenza.
Em 2010, forneceremos ao Ministério da Saúde a vacina do ano para os maiores de 60 anos e pacientes com risco. Com o MS, vamos alterar o programa de vacinação, começando em janeiro no Norte, onde a vacinação chegava depois da gripe.
Se o adjuvante funcionar como esperado, os 26 milhões de doses poderão ser produzidos a partir de vírus de 7 milhões de doses. Como o Japão faz há 20 anos, teremos vacinas para implantar a vacinação nas escolas primárias (já está em ensaio em São Paulo), evitando que essas crianças tenham influenza, fiquem com pneumonia ou surdas por infecção do ouvido e que levem o vírus para casa, infectando crianças pequenas e os pais.
É preciso inovar, visando a soluções de baixo custo. A produção piloto da vacina da influenza aviária prevê que poderemos produzir até uma dose de vacina por ovo, usando o vírus da vacina inteiro, que contém, além das proteínas H e N, proteínas do interior do vírus, que não sofrem tantas mutações e que, na vacina, aumentam a proteção dos vacinados, ainda que ocorram mutações.
Com a demanda de vacinas do ano e da influenza AH1, não haveria tempo para produzir tanto. Com anuência do MS, adquirimos 17 milhões de vacinas AH1 incompletas da Sanofi, que receberão o adjuvante do Butantan e provavelmente poderão se transformar em 34 milhões de doses.
Está programado produzir mais 15 milhões-30 milhões de doses no Butantan. Estamos aguardando um novo vírus semente que produz quatro vezes mais. Contando com os ovos especiais, nossa produção poderá chegar a 200 milhões de doses por ano, preparando o Brasil para 2011-2012 e permitindo ajudar outros países.
Reduzindo a incidência de todas as formas de influenza, reduziremos a demanda de internações hospitalares no inverno, o que já vem acontecendo com os maiores de 60 anos.
Estamos prontos para testar até 2010 uma nova vacina contra a pneumonia, em parceria com o Children's Hospital, de Harvard, que custará apenas R$ 3-R$ 4 contra R$ 20-R$ 30 das vacinas conjugadas e, esperamos, com maior eficiência para evitar infecções de dezenas de pneumococos diferentes.
ISAIAS RAW, 82, professor emérito da Faculdade de Medicina da USP, é presidente da Fundação Butantan. Foi fundador da Funbec (Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências) e da Fundação Carlos Chagas.
Um comentário:
Neste últimos 40 anos ,jamais ouvir ou tomei conhecimento de uma INJUSTIÇA tão violenta contra um cidadão de bem, um HOMEM que não fez outra coisa a não ser dedicar- se, mais de 50 anos, às pesquisas ,objetivando encontrar solução à manutenção da vida e/ ou minimizar os sofrimentos humanos! .
É extremamente sofrível assistirmos ao linchamento de um cidadão, desprovido de qualquer interesse patrimonialíssimo, interesse material em sua longa vida de 80 anos! .È vergonhoso ,não como brasileiro mas como ser humano ,assistirmos a este jogo de intrigas politicas/pseudo jurídicas e policialescas, não distinguindo uma flor a um espinho.Como pode?, como a mediocridade humana chega a tanto?.
Tivesse este homem vivido ,metade de sua vida ,na Europa certamente a Instituto Sueco Karolinska, que tem a função de escolher anualmente o laureado de Medicina ,já teria alterado a regra para que um CIENTISTA pudesse ganhar mais de um Premio Nobel ! .
Este cidadão do Mundo ,onde tenho orgulho de ser o seu concidadão, é o DR.ISAÍAS RAW.
Chega a me causar mal estar, vômitos ao deparar com esta intriga ,provocada por interesses mesquinhos, politiqueiros, instinto vil.
Apelo aos formadores de opinião, a socorrer ,a confortar este pobre Homem que nada fez ,a não ser combater males/doenças acometidas por humanos ,especialmente, os mais carentes em todo o mundo(Soros Hiperimunes/Biofármacos/ Vacinas...).
Que DEUS proteja e acuda esta raridade da espécie humana!
Eudelio Pereira de Carvalho
cpf 576639128-53
Obs. Acusam-no de ser o responsável ou compactuar a um pseudo desvio de recursos da Fundação Butantã, fosse um destes gatunos produzidos/estimulados pelo nosso sistema Politico/Administrativo ,possivelmente ,com uma simples troca de "favores/desvio" a estes Grandes Laboratórios Multinacionais ,provavelmente não seriam 30 milhões de reais a somar em seu patrimônio, mas 300 milhões, não de reais, mas de DÓLARES!.
Estes politicos inundam os nossos Institutos de Pesquisas de "Aspones" ,em cargos de Chefia,Gerencial ....(evidente que os objetivos destes vagabundos não são os mesmo dos verdeiros Pesquisadores),e o que fazem; saqueiam ,roubam ,fazem maracutais e quem paga o "pato"são estes pesquisadores que embora tendo a responsavilidade de dirigir estes orgão,não são treinados ,e nem tem tempo a ´perder ,para capturar,flagrar estas ratazanas bipedes!.
Governos/politicos/autoridades mal intencionadas sabedores disso,não é nenhuma novidade , preparam o ambiente,jogam cascas de bananas (como é o caso do Butantã-afinal fazia-se dois anos que estavam monitorando os desvios de verbas -como bem disse o delegado )esperaram a hora certa para incriminar não os verdaeiros ratos "os aspones" que entraram pelas portas do fundo no Instituto,mas pessoas idoneas ,benemeritas como o Dr.Isaias Raw!
Estes idiotas poderiam pegar um ancião e o acusa-lo de estrupo a uma criança de 12 anos , torturem-no em praça publica, certamente a injustiça que cometeriam não seria pior!
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